Seleção de Junho de 2021

por Redação CONCERTO 01/06/2021

CHUKHAJIAN
Obras para piano
Mikael Ayrapetyan
– piano
Lançamento Grand Piano. 
Importado. R$ 137,70
[Clique aqui para comprar]
[Clique aqui para ouvir]

[Reprodução capa]
[Reprodução capa]

O Verdi da Armênia. É essa até hoje a alcunha associada ao compositor Tigran Chukhajian, que viveu entre 1837 e 1898. Não por acaso: ele foi o fundador da primeira casa de ópera do Império Otomano e tinha o gênero entre seus preferidos também como autor – escreveu cinco delas. E a importância de Chukhajian vai além do mundo lírico. Ele foi um dos primeiros autores a associar a cultura ocidental e a cultura oriental em obras que lhe renderam pioneirismo, mas também perseguição por parte do regime turco, o que resultou no fato de suas peças serem proibidas durante longos períodos. Mais de um século depois, no entanto, ela pode voltar a ser ouvida em toda a sua riqueza, por meio de intérpretes dedicados. É o caso de Mikael Ayrapetyan, pianista e criador do projeto Segredos da Armênia, criado para ampliar o conhecimento a respeito da música armênia em todo o mundo. Aqui, ele interpreta uma seleção de peças para piano solo de Chukhajian, suficientes para revelar um mundo musical extremamente rico, no qual convivem influências de Chopin e Liszt e elementos do folclore local. 


JOURNEYS
Orchestral Music from Five Continents
Norwegian Radio Orchestra
Miguel Harth-Bedoya
– regente
Lançamento Naxos. 
Importado. R$ 82,80
[Clique aqui para comprar]
[Clique aqui para ouvir]

[Reprodução capa]
[Reprodução capa]

O maestro Miguel Harth-Bedoya nasceu no Peru, estudou nos Estados Unidos e desenvolve boa parte de sua carreira na Europa, onde dirige a Norwegian Radio Orchestra. Sua trajetória é símbolo do diálogo entre a tradição regional e a linguagem musical compartilhada por diferentes culturas. E é esse o tema de seu novo disco com o grupo. O disco evoca um universo musical rico e diversificado. Há a tentativa de recriar o mundo cósmico em Of an Ethereal Symphony, de Chen Zhangyi, de Singapura; a ideia de escrever para a orquestra como se ela fosse um violão do uruguaio Miguel de Águila, em The Giant Guitar; o modo como Robert Fokkens retrabalha no âmbito sinfônico a canção sul-africana Uhambo Olunitsi; a linguagem que une mito e ciência em The Evil Eye, da egípcia libanesa Najla Mattar; ou Pendulum.Evaporation, do cazaque Aigerim Seilova, no qual atua como solista o violonista Audun André Sandvik. Um interessante recorte da atual produção musical.


BRILLON DE JOUY
The Piano Sonatas Rediscovered
Nicolas Horvath – piano
Lançamento Grand Piano. Importado. 2 CDs. R$ 206,90
[Clique aqui para comprar]
[Clique aqui para ouvir]

[Reprodução capa]
[Reprodução capa]

“Ela é uma das maiores intérpretes do cravo na Europa. Essa senhora toca as peças mais difíceis com grande precisão, gosto e sentimento.” Assim o compositor Luigi Boccherini definiu certa vez a cravista e compositora Anne Louise Brillon de Jouy, a quem dedicou algumas de suas peças. No mesmo texto, ele fala também de sua atuação como compositora – que, com o tempo, desapareceu, como aconteceu com diversas autoras ao longo da história. O que não faz justiça à qualidade da escrita e às inovações que ela traz para o repertório. E é isso que nos mostra o pianista e compositor Nicolas Horvath, artista de múltiplos interesses, da música barroca, como intérprete, à criação eletroacústica, como compositor. Horvath, que já dedicou séries a Liszt e Czerny, conta que descobriu na obra de Brillon de Jouy o mesmo nível de inovação e imaginação. Daí a decisão de gravar suas dozes sonatas, que, em suas palavras, refletem uma atenção ao ambiente musical em que viveu ao mesmo tempo que o tornou mais fascinante com “grande imaginação e temperamento”. Uma redescoberta mais que urgente. 


CALDARA IN VIENA & UN CONCERT POUR MAZARIN
Philippe Jaroussky – contratenor
Emmanuelle Haïm e Jean Tubéry – regentes
Concerto Köln Ensemble La Fenice
Lançamento Warner Classics. 
Importado. R$ 173,60
[Clique aqui para comprar]

[Reprodução capa]
[Reprodução capa]

O nome do contratenor Philippe Jaroussky é hoje onipresente no mundo da ópera e do canto lírico internacionais. Seja interpretando grandes papéis do período barroco, seja na plataforma de concertos, ele se tornou um artista admirado pela inteligência musical e pela técnica impecável. E também pelo interesse na descoberta de repertórios. E isso desde o começo, como podemos lembrar com o relançamento, em um só volume, de dois discos do início da carreira. Em Un concert pour Mazarin, ele interpreta, com Jean Tubéry e o Ensemble La Fenice, obras de compositores que tiveram grande influência na França na época do cardeal Mazarin, um dos chefes do ministério francês no século XVII. E, em Caldara in Vienna, Jaroussky e Emmanuelle Haïm, com os músicos do Concerto Köln, relembram a figura do compositor Antonio Caldara. Em ambos os casos, uma combinação fascinante: execução musical de altíssima qualidade com histórias que nos levam a outras épocas e ajudam a compreender melhor o repertório antigo.


WOLF-FERRARI: DREAMS AND DRAMA
Sonatas para violino e piano
Emmanuele Baldini – violino
Luca Delle Donne – piano
Lançamento Naxos. Importado. R$ 82,80
[Clique aqui para comprar]
[Clique aqui para ouvir]

[Reprodução capa]
[Reprodução capa]

O compositor italiano Ermano Wolf-Ferrari escreveu quinze óperas; portanto, é justo que seu nome seja bastante associado ao gênero. Também porque obras como Sly, baseada em Shakespeare, são centrais no repertório da passagem do século XIX para o século XX, tidas como marcos finais do movimento verista. Além disso, há enorme riqueza a ser descoberta nas peças de outros gêneros em que trabalhou. Como fica claro quando ouvimos o disco em que o violinista Emmanuele Baldini, spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e o pianista Luca Delle Donne interpretam suas três Sonatas para violino e piano. São obras diferentes entre si. E os críticos já definiram o universo de influências em torno de cada uma: a primeira evoca o universo de Brahms; a segunda, a mais operística das três, dialoga com Wagner; e a terceira, com Bach. A descrição, no entanto, não dá conta da força poética das obras, da imaginação musical sem limites do autor, dos contrastes que, em certos momentos, soam como enigmas. Uma riqueza que apenas a interpretação envolvente e comprometida de grandes músicos como Baldini e Delle Donne é capaz de traduzir plenamente.