ABM realiza série de encontros para debater música e educação

por Luciana Medeiros 18/03/2024

Na terça, dia 19 de março, começa a série Encontros ABM 2024 – nove debates promovidos pela Academia Brasileira de Música sob o guarda-chuva “Música e Educação”, em torno de temas variados. Os encontros serão sempre transmitidos pelo Canal da ABM no YouTube. 

Esse primeiro debate, com mediação do compositor (e também professor de Composição na UFRJ) João Guilherme Ripper, se aprofunda numa questão delicada e central: “Entre sua própria ideologia e a busca de uma linguagem pessoal pelo aluno, como deve se colocar o Professor de Composição?”. Como debatedores, os compositores e professores Oiliam Lanna (UFMG), Rodrigo Lima (EMESP) e Wellington Gomes (UFBA).

“Indaga-se como e até que ponto o professor deve/pode influir na definição da linguagem musical do aluno”, explica a coordenadora da Comissão de programação da série 2024, Ilza Nogueira, acadêmica, compositora, educadora musical e musicóloga. “É um assunto pertinente a qualquer época histórica. É também uma questão que implica em ‘ética’ profissional, coisa que se impõe no ensino da composição: o direcionamento do aluno ao encontro de sua subjetividade musical, seu estilo."

Chama a atenção o uso do termo “ideologia” em tempos tão conturbados no campo político-ideológico – uso, aliás, corretíssimo, que abarca o conjunto de ideias formuladas. Ilza faz questão de ajudar no recorte: “A consciência histórica abriga ideologias (tradições, hábitos, valores cristalizados) a partir das quais pensamos. Com a introdução do aluno às ideologias estéticas, a essa ‘consciência histórica’, estimula-se a ‘consciência crítica’, a utopia capaz de mudar o curso da história”. E arremata: “É do diálogo entre a ‘consciência histórica’ e ‘consciência crítica’, ou seja, entre ideologia e a utopia, que surge a obra de arte”.

A discussão, portanto, se assenta no desafio de levar o aluno “a colocar na balança, equilibradamente, ideologias e utopias”, prossegue Ilza. 

A lista de temas surgiu de debates da comissão integrada pelo compositor Ronaldo Miranda, o maestro Roberto Duarte, a professora Alda Oliveira e o musicólogo Carlos Kater, e vão da musicologia à formação de regentes, de música na neurociência aos desafios da composição contemporânea.

“A interação entre a neurociência cognitiva e a música, por exemplo, é uma das mais recentes interdisciplinaridades que vêm subsidiando pesquisas importantes, esclarecendo fundamentos da percepção musical e da aprendizagem musical”, aponta Ilza.

Entre convidados e moderadores dos próximos encontros estão os maestros Fábio Mechetti (OFMG), Ligia Amadio (OSMG), Priscila Bonfim (OSJ) e André Cardoso (OSUFRJ), os compositores Dimitri Cervo (URGS), Marisa Rezende (UFRJ) e Ricardo Tacuchian, o músico e produtor Arthur Nestrovski e a jornalista Camila Fresca, entre outros profissionais de todo o país.

Programação

16/4 – “Educação musical sustentável: modelos para o Brasil de amanhã”
14/5 – “A Pós-Graduação Profissional em Música: resultados e perspectivas”
18/6 – “Musicologias brasileiras de ontem e de hoje”
16/7 – “Complexidade versus simplicidade: desafios na composição atual”
13/8 – “Produções artístico-musicais como estratégias socioeducativas: como concebê-las em padrões de sustentabilidade econômica, de relevância sociocultural e de pertinência político-ideológica?”
17/9 – “Regente: formação e dificuldades para o início da carreira”
15/10 – “Contribuições da musicologia para a história da música brasileira: Francisco Curt Lange, Jayme Diniz e Cleofe Person de Matos” 
19/11 – “Música faz bem para a saúde?”

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A compositora Ilza Nogueira, coordenadora da comissão de programação da série [Divulgação]
A compositora Ilza Nogueira, coordenadora da comissão de programação da série [Divulgação]

 

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