Pianista Cristian Budu lança disco ‘Pianolatria’, dedicado à música brasileira

O pianista Cristian Budu faz nesta quinta, dia 11, o primeiro recital de lançamento de seu novo disco, Pianolatria, inteiramente dedicado ao repertório brasileiro. A apresentação acontece no Sesc Vila Mariana e, em seguida, haverá concertos no Sesc Jundiaí (dia 12) e no Sesc Ribeirão Preto (dia 16).

Em texto no encarte do disco, lançado pelo Selo Sesc, Budu explica as ideias por trás da gravação do disco.  “Pianolatria é o título de um célebre artigo de Mário de Andrade publicado pouco depois da Semana de Arte Moderna na revista modernista Klaxon. Nele, o escritor criticava a dependência excessiva da vida musical paulistana pelo piano. A opção pelo título é, em primeiro lugar, uma homenagem reverente ao pensamento de Mário de Andrade. Mas, ao mesmo tempo, a escolha não deixa de guardar um bom-humor, ao tentar tirar um pouco do peso daquela crítica de cima do instrumento. Apesar de ser um trabalho de piano solo no qual o virtuosismo está presente, existe a ambição de ressignificar o termo”, diz.

Daí a proposta de “apresentar o piano menos como um solista individual do que como uma ferramenta para a busca incessante do que é nossa identidade – mas nunca a partir de uma imagem endurecida ou restritiva”. 

Muito mais do que apenas uma vontade de fazer um trabalho diferente, foi a vontade de me sentir parte do Brasil, à minha maneira, que motivou as escolhas do disco

O projeto inclui a gravação de vídeos dedicados à gravação e às obras escolhidas.  “Se o texto de Mário de Andrade mostrava quão limitado era um ambiente musical centrado no piano, ao impedir que outras manifestações (como a música de câmara) ou mesmo uma compreensão maior do fenômeno musical aflorassem, este projeto quer, no fundo, demonstrar o oposto: como, partindo do instrumento, podemos ampliar nossos horizontes. Seja pelos autores e repertório abordado ou ainda pelas ferramentas contemporâneas, que expandem o diálogo do instrumento com a sociedade do século XXI, como os vídeos que integram o projeto.”

O disco traz leituras pessoais de criadores mais conhecidos, como Camargo Guarnieri, Villa-Lobos, Carlos Gomes e Francisco Mignone, quanto nomes ainda pouco familiares, como os das compositoras Clarisse Leite, Amélia Brandão, Nininha Veloso Guerra e Cacilda Barbosa, ao lado de Chiquinha Gonzaga, Henrique Alves Mesquita e Ernesto Nazareth.

“Quando estudamos o repertório brasileiro que tem alguma divulgação e circulação, percebemos que é uma ideia restritiva de Brasil que se apresenta. Muita coisa fica de fora ou é estigmatizada; coisas que circularam no passado acabaram caindo no esquecimento. Ao selecionar o repertório, eu quis trazer à tona outras coisas – músicas que eu mesmo não conhecia e fui descobrindo. Muito mais do que apenas uma vontade de fazer um trabalho diferente, foi a vontade de me sentir parte do Brasil, à minha maneira, que motivou as escolhas do disco”, conta o pianista.

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