Theatro Municipal do Rio de Janeiro abre temporada com a ‘Nona’ de Beethoven

por Luciana Medeiros 10/03/2023

Quando o regente titular Felipe Prazeres levantar a batuta nessa sexta, 10 de março, o Municipal do Rio estará iniciando a temporada 2023, a sua 113ª desde a inauguração. O programa tem ares de celebração: a grandiosa 9ª Sinfonia de Beethoven, uma das obras mais marcantes do repertório orquestral, um verdadeiro hit.  

A divulgação da temporada não será completa nesse momento – o público vai saber apenas os eventos programados para os primeiros meses do ano, até o aniversário do Theatro. Para esse semestre, estão anunciados dois balés completos (Giselle e Macunaíma, este de Ronaldo Miranda, que completa 75 anos de idade) e uma ópera, Carmen, de Bizet, a ser montada no aniversário do teatro, em julho. Predominam os concertos, marcando efemérides como os 210 anos de nascimento de Verdi, celebrados com o Réquiem. A agenda, em geral, está preocupada em atrair um público que busca títulos conhecidos. 

O ano marca, em especial, a retomada das atividades após os hiatos e dificuldades impostos pela pandemia – e, de certo modo, retoma também os caminhos de recomposição dos corpos artísticos, mesmo que não por meio de concurso. O próprio Prazeres, no posto de titular, representa mudança – o teatro passou parte de 2022 sem titular. Curiosamente, foi ele, como convidado, que regeu a abertura do ano passado.

“Eu não imaginaria que, meses depois, assumiria a função”, conta um empolgado Felipe. “E agora, abrimos com a Nona, um tour-de-force para todos, músicos, solistas, coro e regentes; e é minha primeira vez regendo essa obra, apesar de a ter tocado dezenas de vezes. Quando enveredamos pela Nona, vivenciamos a importância e o respeito que a sinfonia granjeou no mundo todo, pela extrema dificuldade de execução e como símbolo de mudança e de esperança.”

Felipe Prazeres vai reger boa parte da programação – inclusive a ópera Carmen. “Importante o teatro fazer os grandes clássicos que o público adora.” Ele está sem regente assistente e não há planos de preencher essa vaga. “A princípio não teremos, Priscila Bomfim está regendo o coro.” Dentre os concertos anunciados para o período até junho estão homenagens a Berlioz e Wagner, com presença da diva Eliane Coelho, e a Tchaikovsky (“os dois mais famosos concertos para solistas”, ressalta Felipe) numa joint venture com a Sinfônica Brasileira (“celebramos uma história e não apenas para reunir um grande efetivo em função de uma obra”, ressalta); a ópera Piedade, de João Guilherme Ripper, em formato de concerto cênico, na série Música Brasileira em Foco.

Os artistas convidados são todos brasileiros, divididos entre os integrantes do coro ouvidos em audições para solistas e convidados, como Eliane Coelho, Luisa Francesconi, Fernando Portari, Marly Montoni e Gabriella Pace, e os pianistas Alvaro Siviero e Katia Baloussier. Além de Felipe Prazeres e Jésus Figueiredo, estarão no pódio Silvio Viegas e Tobias Volkmann.

O diretor artístico Eric Herrero considera a temporada uma retomada firme, depois de um “2022 em que tivemos casas lotadas”, garante. Além dos concertos, balés e da ópera previstos, ele destaca que, institucionalmente, o teatro ganha agora seu Regimento Interno, documento que não existia na organização, proposto por Eduardo Pereira e André Cardoso em 2015 e que, ano passado, foi aprovado para entrar em vigor. O TMRJ, que tem uma residência em dramaturgia em curso, também abre uma residência artística para jovens cantores, funcionando a partir de abril, “nos moldes de um ópera-estúdio – e no final desse período vamos fazer uma montagem de ópera com os integrantes”. A coordenação é de Marcos Menescal e Priscila Bomfim. “No segundo semestre tem muita coisa boa para acontecer”, ele garante.

O concerto de abertura vai ser dedicado a Ciro Pereira da Silva, que faleceu em fevereiro depois de décadas no Municipal – ele entrou na casa em 1975 e, por muitos anos, foi seu vice-presidente. O posto ainda não foi preenchido. O Municipal não informou a dotação da Fundação para manutenção e custeio, bancada pelo Estado do Rio. A temporada é patrocinada principalmente pela Petrobras, através de lei de incentivo – nesse primeiro semestre, cerca de R$ 2 milhões. O Municipal também aprovou o valor de R$ 37 milhões ainda a ser captado para reforma do palco.

Veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO

Temporada 2023

Março:

Concerto Didático para Escolas
O Carnaval do Animais, de Camille Saint-Saëns
Felipe Prazeres – regente / Katia Baloussier e Murilo Emereciano – piano

Abril:

Balé Giselle 
Hélio Bejani e Jorge Texeira – Hélio Bejani e Jorge Texeira / Jésus Figueiredo – regente

Tchaikovsky – 130 anos de falecimento
Concertos para violino e piano
Ricardo Amado – violino / Alvaro Siviero – piano / Felipe Prazeres – regente

Música Brasileira em Foco
Ópera Piedade, de João Guilherme Ripper
Johnny França, Gabriella Pace e Ricardo Gaio – solistas / Silvio Viegas – regente

Maio:

Réquiem, de Verdi
Marly Montoni, Denise de Freitas, Paulo Mandarino e Hernán Iturralde – solistas / Tobias Volkmann – regente

Wagner/Berlioz
Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal convida a Orquestra Sinfônica Brasileira
Eliane Coelho – soprano / Felipe Prazeres – regente

Junho:

Balé Macunaíma, de Ronaldo Miranda
Carlos Laerte – coreografia / Jésus Figueiredo – regente

Julho:

Ópera Carmen, de Bizet
Luisa Francesconi/Ilara Cavalcanti; Eric Herrero/Ivan Jorgensen; Flavia Fernandes/Mariana Gomes; Leonardo Neiva/Fernando Lourenço – solistas / Julianna Santos – direção cênica / Felipe Prazeres – regente

Felipe Prazeres à frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro [Divulgação/Daniel Ebendinger]
Felipe Prazeres à frente da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro [Divulgação/Daniel Ebendinger]
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