Gisèle Santoro, referência da dança, morre em Brasília aos 86 anos

Artista fundamental para a consolidação da dança na capital federal, Gisèle tinha 86 anos e era viúva do compositor Claudio Santoro

Faleceu em Brasília, na quinta-feira dia 9 de outubro, aos 86 anos, a bailarina, coreógrafa, professora e promotora cultural Gisèle Santoro (Gisèle Loïse Portinho Serzedello Corrêa), uma destacada figura da dança no Distrito Federal e viúva do maestro e compositor Claudio Santoro (1919–1989).

Formada na Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Gisèle chegou a Brasília em 1962, a convite da russa Eugenia Feodorova, criadora da Fundação Brasileira de Ballet. Conheceu então o maestro Cláudio Santoro, com quem viria a se casar, promovendo importantes iniciativas de música e dança na capital federal.

Após o golpe militar de 1964, o casal foi forçado a deixar o Brasil. Exilados, viveram na França e, depois, na Alemanha, onde Gisèle permaneceu por sete anos no Teatro Municipal de Heidelberg.

De volta ao Brasil em 1978, Gisèle participou ativamente da inauguração do Teatro Nacional, colaborando na formação da orquestra, do coro e de outros departamentos da instituição. 

Gisèle fundou o Ballet de Câmara Gisèle Santoro e o Ballet de Brasília, duas instituições fundamentais para a formação de bailarinos e professores ao longo de décadas. Organizou também eventos que marcaram a cena cultural local, como a Mostra de Dança de Brasília e o Seminário Internacional de Dança.

Reconhecida com diversas homenagens e honrarias – entre elas a Medalha do Mérito Distrital da Cultura e o título de Cidadã Honorária de Brasília –, Gisèle Santoro foi uma importante promotora cultural de Brasília contribuindo para a consolidação da vida artística da capital federal.

Além de sua carreira, Gisèle dedicou-se à preservação da memória e do acervo de Claudio Santoro, reunindo partituras, manuscritos, correspondências, fotografias e documentos pessoais do compositor. Gisèle deixa três filhos: Raffael, Gisela e o pianista e cravista Alessandro Santoro.