Atelier de Composição do Theatro São Pedro apresenta óperas de sua segunda edição

por Redação CONCERTO 26/10/2023

O Theatro São Pedro apresenta a partir de hoje o resultado de seu segundo Atelier de Composição Lírica, realizado ao longo do último ano. O espetáculo terá a estreia de três óperas curtas, com direção musical de Leonardo Labrada, à frente da Orquestra do Theatro São Pedro, e a direção cênica de Inês Bushatsky.

O atelier busca estimular a criação de novas obras. Por meio de um edital, foram selecionados três compositores e três libretistas. Em composição, os selecionados trabalharam sob a orientação de Flo Menezes. Em criação de texto e libreto, a supervisão ficou por conta de João Luiz Sampaio e Alexandre dal Farra.

Os alunos do programa também tiveram encontros com os cantores solistas e profissionais de diferentes áreas, para discutir questões sobre o espetáculo operístico.

Abre o espetáculo Gota Tártara: uma ópera-pesadelo, de Franciele Regina (composição) e Sofia Boito (libreto), cujo enredo, de acordo com a libretista, é inspirado livremente no mito de Medeia e na dramaturgia de Gota d’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, narrando o desespero de uma mãe solo que tem que sobreviver com seu filho em uma situação de miséria extrema. 
 
“Atormentada pela fome, a mulher não consegue mais distinguir a realidade do sonho, acordando toda noite de um pesadelo e entrando em outro. A vida a tortura. Em seu aspecto formal, o libreto aposta na síntese, na simultaneidade e em diversos pontos de vista narrativos. Assim, ao monólogo lírico da personagem central, somam-se os discursos cotidianos e banais de um mundo que não para, mesmo diante da dor extrema. São enunciações que mantém esse mundo-engrenagem cruel em movimento”, destaca ela.  

Cena do espetáculo do Atelier de Composição [Divulgação]
Cena do espetáculo do Atelier de Composição [Divulgação]

 
Em seguida, será apresentada Entre-Veias: uma ópera de entranhas, de Giovanni Porfirio (composição) e Jaoa de Mello (libreto). Segundo ela, a ideia da obra foi pensar o que seria a vida de um vírus, que acaba se tornando o personagem principal da narrativa, assumido pelos diferentes cantores solistas.  
 
“A provocação que nos colocamos foi pensar o que seria a voz de um ser inanimado. Em todo o texto, há várias brincadeiras e dinâmicas com palavras, imaginando, por exemplo, o vírus entrando em diferentes corpos. É um texto que vem de um lugar muito pessoal da minha experiência, mas que parte daí para um campo de experimentação”, diz a libretista.  
 
O encerramento do espetáculo acontece com Casa Verdi: meta-ópera em ato único, com música de Caio Csizmar e libreto de João Crepschi. O título faz alusão ao retiro criado pelo compositor Giuseppe Verdi no século 19, dedicado a cantores aposentados que não tinham como se manter sozinhos - com o tempo, o local tornou-se também um museu. No texto de Crepschi, os personagens são os cantores que ali vivem, artistas dos séculos XIX, XX e XXI, que o fã de ópera reconhecerá com facilidade: Maria Callas, Renata Tebaldi, Luiza Tetrazzini, Luciano Pavarotti. 
 
Para Csizmar, há no texto muitas possibilidades de leitura: a comédia, o trágico, as reminiscências. “É muito interessante a forma como é possível seguir o texto a partir de diferentes perspectivas. Para mim, o que tocou em especial foi uma leitura bastante triste que me permitisse explorar todos os subtextos que o libreto do João oferece. Optei, então, por uma escrita na qual a orquestra assiste e comenta aquilo que está no palco, fazendo referência à fragmentação emocional que acomete as vozes, sem ser literal”, explica.  

Veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO

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