Em setembro de 1782, subia ao palco a ópera O barbeiro de Sevilha. Não a versão de Gioacchino Rossini, que só ganharia vida 35 anos depois, mas sim a de Giovanni Paisiello, que nas décadas seguintes teria enorme popularidade. E é ela que dá continuidade à temporada lírica do Theatro São Pedro, em produção com artistas da Academia do teatro.
Assim como a ópera de Rossini, a de Paisiello é baseada na peça de Beumarchais. Ela segue de perto a narrativa original, sobre o jovem conde e sua paixão por Rosina, que vive sob o domínio de Don Bartolo, que quer com ela se casar. A produção terá a maestra Maíra Ferreira à frente da Orquestra Jovem do Theatro São Pedro e direção cênica de Ines Bushatsky. As récitas acontecem nos dias 29, 30 e 31 de maio e 1º de junho.
Bushatsky optou por levar a história para os anos 1950 e 1960. “Trazer mais para perto não faria sentido, ficaria esquisito. Eu precisava de um tempo estrutural que justificasse o aprisionamento de Rosina, seu cárcere privado. Eu não consegui ignorar esse fato quando li a ópera. E optei por verticalizar a narrativa a partir dessa situação, tornando ela mais protagonista. É uma mulher que, sempre que acorda, se vê na mesma situação, de novo na casa desse homem. Ela quer fugir, quer sair daquele contexto.”
Sem mexer no original, a diretora sugere que Rosina passe a ópera toda tentando fugir. “E vai falhando miseravelmente, o que traz um elemento cômico. Criamos várias traquitanas no cenário para que ela tente a fuga.” A opção tem consequências na compreensão do texto. “Isso faz do casamento com o conde, por exemplo, mais que um episódio de paixão romântica. Há vários sentidos em um casamento. E, para ela, a união é uma saída.”
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![Cena da produção de 'O barbeiro de Sevilha' no Theatro São Pedro [Divulgação]](/sites/default/files/inline-images/w-barbeiro_1.jpg)
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