Festival Internacional de Piano do Rio de Janeiro termina em empate

Coreano Yeontaek Oh e chinesa Xiaohui Yang dividiram o primeiro lugar; sino-britânico de 21 anos leva o terceiro prêmio

A disputa final do 2º Festival Internacional de Piano do Rio de Janeiro, sucessor do Concurso Internacional que teve cinco edições, foi surpreendente: terminou em empate. No sábado, depois das performances dos três finalistas com a Sinfônica Brasileira, o coreano Yeontaek Oh, de 29 anos, e a chinesa Xiaohui Yang, de 30, dividiram o primeiro prêmio – ela também levou o prêmio do público. O sino-britânico Noah Zhou, de apenas 21 anos, ficou com o terceiro lugar, mas despertou muita atenção do público. O brasileiro Jordan Alexander, de 20 anos, recebeu o prêmio Nelson Freire, destinado ao melhor pianista brasileiro do certame, que teve todas as suas etapas realizadas na Sala Cecília Meireles. 

O júri levou mais de uma hora para anunciar o resultado, sinal de que a decisão foi mesmo difícil. Presidido pelo polonês Piotr Paleczny, o corpo de jurados tinha ainda os brasileiros Eduardo Monteiro, Linda Bustani e Roberto Tibiriçá, a japonesa Akemi Alink, o português Álvaro Teixeira Lopes (que na manhã de domingo deu uma master class) e os franceses Marian Rybicki e Pierre Réach. O 1º prêmio de R$ 85 mil e o 2º prêmio, R$ 45 mil, serão somados e divididos entre os dois candidatos que empataram; o 3º prêmio é de R$ 20 mil.

Lilian Barretto, criadora e diretora artística do Festival, afirmou que o nível dos semifinalistas foi realmente muito alto. “O empate veio da soma das duas provas, os jurados levaram em consideração as performances”, explicou. O maestro Roberto Tibiriçá também considerou o nível de todos os candidatos “muito bom” – e discordou em parte do resultado final: “Achei que Yeontaek Oh merecia o primeiro prêmio sozinho, ficando a Yang em segundo, mas perdi por um voto para o empate. De qualquer maneira, são personalidades diferentes e as semifinais foram impressionantes, de alta qualidade. Uma maravilha termos esse evento”.

A final, em que os candidatos foram acompanhados pela Orquestra Sinfônica Brasileira regida por Tibiriçá, apresentou obras de compositores russos, escolha de cada um dos competidores. Yeontaek Oh tocou o Concerto nº 3 de Rachmaninov; Noah Zhou, o Concerto nº 3 de Prokofiev; Xiaohui Yang escolheu o Concerto nº 1 de Tchaikovsky. 

Lilian Barretto lembra que o Festival, que tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale, retoma, assim, a trajetória do Concurso, mas também a amplia: “Por muitos motivos: além da competição em si, promovemos master classes e a itinerância com apresentação dos pianistas pelo Brasil, o que abre um leque de oportunidades e ajuda a estruturar a carreira dos jovens intérpretes. O jurado Marian Rybicki, que dirige a École Cortot, ofereceu por exemplo um recital a cada um dos três finalistas na Salle Cortot, agora no fim do ano, série que vai se chamar Souvenir de Rio. Isso só aumenta a credibilidade e a importância do Festival”.  

O formato mais enxuto das etapas do Festival – as eliminatórias foram via vídeo e a parte presencial começou já nas semifinais – pode ter vindo para ficar, diz ainda Lilian: “Fizemos assim por causa da pandemia, mas deu muito certo – diminui os custos, assegura a viabilidade e os candidatos têm mais tempo para tocar”.