MIGUEZ E VELASQUEZ – SONATAS
Glauco Velásquez (1884-1914)
Sonata nº 1 para piano e violino, “Delírio” (1909)
Sonata nº 2 para piano e violino (1911)
Leopoldo Miguez (1850-1902)
Sonata para violino e piano, op. 14 (1885)
Emmanuele Baldini – violino e Karin Fernandes – piano
A série “Brasil em Concerto” do selo Naxos segue formando um catálogo fundamental de nossa produção musical com a nova edição do disco em que a pianista Karin Fernandes e o violinista Emmanuele Baldini gravam obras de Leopoldo Miguez e Glauco Velásquez, lançado originalmente em 2015. Os dois estão entre os principais artistas de sua geração, e a união deles gerou um disco de excelente qualidade. Nele, gravaram a Sonata op. 14 de Miguez e duas sonatas para violino e piano de Velásquez. A maestria do duo e o modo como os instrumentos se combinam já seriam atrativos. Mas o repertório carrega ainda uma importância histórica, ao resgatar dois autores marcantes da passagem do século XIX para o século XX, período que apenas recentemente tem recebido a devida e merecida atenção. Como escreveu em 2015 o crítico Irineu Franco Perpetuo, a “qualidade do registro, o apuro técnico, o compromisso para com as obras, o entendimento estético, o bom gosto e o refinamento musical fazem desse não apenas um registro das peças, mas uma verdadeira interpretação, que se deixa ouvir com gosto e prazer, repetidas vezes”.
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Reprodução do encarte do CD
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![[Publicado na Revista CONCERTO]](/sites/default/files/inline-images/0-anuncioCD_VelasquezMiguez_MeiaV.png)
08/10/2019
Emmanuele Baldini e Karin Fernandes lançam CD com sonatas brasileiras
O violinista Emmanuele Baldini havia acabado de chegar ao Brasil quando conheceu a Sonata de Leopoldo Miguez. “Escutei a gravação de Paulo Bosísio e Lilian Barreto e me apaixonei”, ele conta. “Na hora pensei: como é que ninguém toca isso ao vivo? É uma obra extraordinária, a mais importante sonata romântica brasileira.”
Um pouco mais tarde, o encantamento viraria gravação quando ele se uniu à pianista Karin Fernandes para um projeto de música brasileira. Com a sonata no repertório, faltava completar o álbum. E então Glauco Velásquez apareceu à sua frente. “Recebi uns manuscritos de um colecionador de Brasília e lá estavam as duas sonatas do Velásquez. Comecei a ler as peças e me dei conta de como eram peculiares. Embora românticas, eram muito diferentes da linguagem de Miguez.”
Ganhou forma, assim, o disco que Baldini e Fernandes lançaram em 2015 e, agora, relançam pelo selo Naxos, dentro da série Música do Brasil – os dois fazem recital de lançamento nesta quinta-feira, dia 10, na Sala São Paulo, na série Encontros Clássicos.
O álbum é um dos principais testemunhos de uma tentativa recente de resgate da música romântica brasileira, por dois grandes intérpretes. “Baldini e Karin abraçam esse repertório com carinho e convicção, interpretando as obras com meticulosidade, senso de estilo e solidez técnica, dando uma lição de como o Brasil deve valorizar e preservar suas melhores riquezas, em tempos de devastação e desvario”, escreveu o jornalista Irineu Franco Perpetuo sobre o disco em crítica publicada no Site CONCERTO.
Como diz Perpetuo, Miguez pertence a um momento em que autores brasileiros buscavam romper com a herança operística italiana, de olho nas novidades vindas da França e da Alemanha. Da mesma forma, a música de Velasquez carrega matizes simbolistas em sua poética afrancesada.
Mas o momento se traduz de maneiras diferentes nos autores. “Para mim, enquanto o jovem Velasquez experimentava, compondo uma música quase improvisada com caminhos harmônicos muitas vezes inusitados, Miguez, talvez até por ser um pouco mais velho, já detinha total domínio e noção do que realmente queria fazer em termos de composição”, diz Karin Fernandes. “Mas as três sonatas são maravilhosas, cada uma com sua beleza.”
![Glauco Velasques e Leopoldo Miguez [Reprodução]](/sites/default/files/inline-images/GlaucoLeopoldo_Miguez._Director_do_Instituto_Nacional_de_Musica._Fallecido_a_6_de_Julho_de_1902.jpg)
05/09/2019
Emmanuele Baldini e Karin Fernandes fazem o Brasil brilhar na Naxos
por Irineu Franco Perpetuo
Em um ano de pesadelo kafkiano, em que as notícias do meio cultural oscilam entre o ruim, o péssimo e o bizarro inverossímil, o projeto Brasil em Concerto, de gravação e difusão global de nossa música clássica pelo Selo Naxos, ganha tonalidades épicas e miraculosas.
Lançada, no começo do ano, com um deslumbrante CD da Filarmônica de Minas Gerais sob a regência de Fabio Mechetti, com obras de Alberto Nepomuceno (1864-1920), a iniciativa agora chega à música de câmara, com sonatas para violino e piano de Leopoldo Miguéz (1850-1902) e Glauco Velásquez (1884-1914), na interpretação do spalla da Osesp, o triestino Emmanuele Baldini, e da pianista Karin Fernandes.
Leitores mais atentos vão se lembrar de que, a rigor, não se trata de um disco inédito. Efetivamente, é a mesma gravação que Baldini e Fernandes lançaram em 2015, no CD Delírio. A novidade é que o álbum independente, modestamente produzido com os recursos do ProAC, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, agora, dentro do catálogo da Naxos, salta as fronteiras de nossa província e adquire dimensão internacional.
E não deixa de ser saudável que, depois de Nepomuceno, a Naxos mostre ao mundo a música brasileira de dois de seus contemporâneos, mostrando que nossa produção não se limita apenas aos badulaques e balangandãs da escola nacionalista.
Miguéz, afinal, é o compositor mais emblemático do início do regime republicano brasileiro – a época, esteticamente, em que nossos autores buscavam romper com a herança operística italiana e se sintonizarem com as novidades vindas da Alemanha e da França. Vigorosa e ambiciosa, incluindo um episódio em fuga no terceiro movimento, sua Sonata Op. 14, de 1885, não se parece com nada feito em nossas terras até então, refletindo não apenas as tendências da época, como a extrema destreza do compositor ao violino. Poderia ser considerada a equivalente brasileira da Sonata em lá maior, do belga César Franck (1822-1890) – que, não custa lembrar, seria composta apenas um ano depois.
Já o par de sonatas de Velásquez ecoa não apenas as pesquisas de Miguéz, como a robusta e refinada produção de Henrique Oswald (1852-1931), o “pai fundador” de nossa música de câmara. Pela ambiência geral e pelo falecimento precoce, Velásquez costuma ser comparado a outro autor belga, Guillaume Lekeu (1870-1894), e sua poética afrancesada, cujo je ne sais quoi de matizes simbolistas acaricia os ouvidos do século XXI, soava ousada para o panorama cultural do Brasil da belle époque.
Baldini e Karin abraçam esse repertório com carinho e convicção, interpretando as obras com meticulosidade, senso de estilo e solidez técnica, dando uma lição de como o Brasil deve valorizar e preservar suas melhores riquezas, em tempos de devastação e desvario.
Críticas internacionais
Robert Maxham
Fanfare, May 2020
Violinist Emmanuele Baldini and pianist Karin Fernandes contribute a selection of three Romantic violin sonatas to Naxos’s series devoted to the music of Brazil, including Leopoldo Miguez’s Violin Sonata and two works in the genre composed by Glauco Velásquez, all three late Romantic effusions conceived in a highly nuanced and harmonically complex, though generally accessible musical language.
Bob McQuiston
Classical Lost and Found, January 2020
Highpoints include the First Sonata’s closing “Agitato” [T-3], which anticipates the impressionism of Debussy (1862-1918) and even Ravel (1875-1937). As for the Second, it has a spellbinding, middle “Adagio” [T-9] and compelling “Finale” [T-10].
Internationally acclaimed, Italian violinist-conductor Emmanuele Baldini and award-winning, Brazilian pianist Karin Fernandes deliver technically accomplished, passionate accounts of these little-known works. Both artists give careful attention to dynamics, phrasing and rhythmic detail, thereby bringing out all the delicate nuances that abound in this music.
Ned Kellenberger
American Record Guide, January 2020
The huge orchestral piano playing is refreshing, dwarfing the violin sometimes, as it should. Interweaving lines are passed off artfully between the instruments. There is a steady graininess to the violin sound. … This is a fine reading and brilliant playing.
For anyone looking for new pieces in the late romantic style, this is very good playing and a serious rendering of composers who take their craft seriously. Huge culminations where the limits of the instrument are tested—yet retain their beauty—set this apart.
Terry Robbins
The WholeNote, December 2019
Baldini’s playing is radiant and idiomatic, with Fernandes particularly brilliant in the demanding piano writing in the Miguez sonata.
Rob Barnett
MusicWeb International, October 2019
The disc concludes with Velasquez’s Second Sonata. It was completed when the composer was only 27 and had just three more years to live. It again plunges and swings its way through three movements in a Grieg-like style.
The recording and the playing of Baldini and Fernandes and are quite exemplary.
Rafael de Acha
Rafael’s Music Notes, September 2019
Violinist Emmanuele Baldini and pianist Karin Fernandes master all three compositions, playing throughout with panache and faultless technical command. Ulrich Schneider is the fine producer and engineer for this worthy project.
Classical Music, September 2019
Over the next five years, Naxos can look forward to adding a comprehensive series of Brazilian music to its books; a tangible legacy for de Sá and his colleagues and one that promises to widen awareness of this intriguing repertoire.
David Denton
David's Review Corner, September 2019
For the second disc in Naxos’s ‘The Music of Brazil’ we move to instrumental scores composed at the turn of the century when classical music in Europe was in turmoil. In the backdrop to the lives of the composers, Brazil plays a very differing part, the earliest music here coming from Leopoldo Miguez. Born in 1850, his compositional studies took him to France, and it was there that he experienced the influences Wagner was already exerting. His return to Brazil in 1885—for the second time—was marked by the completion of his Violin Sonata, a powerful score in the conventional four movements, the scherzo coming third. It could well have come in direct lineage of Cesar Franck, the piano part being the driving force with the violin often adding the decoration. That is true of the slow movement and finale where the keyboard has the most interesting thematic material. Certainly this is a very fine score worthy of a place in the standard violin repertoire.
The notes with the disc elaborate on the birth of Glauco Velasquez in Italy, and his coming, as a child, to Brazil where he received an education in composition. If I relate Miguez to Franck, then Velasquez had moved to the era of Ravel and Debussy, the language of his two short Violin Sonatas having a seductive beauty. They were completed before his untimely death aged thirty, and we can only speculate what could have been. Emmanuele Baldini was also born in Italy, but his globe-trotting career as a violin soloist has created a particularly close relationship with Brazil. His piano partner is the multi-award winning Karin Fernandes, who judiciously balances the fulsome keyboard writing throughout. The duo enjoy a fine recording, this lovely disc I urge you to hear.
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