HEITOR VILLA-LOBOS: GUITAR CONCERTO & HARMONICA
Concerto para violão e pequena orquestra (1951)
Sexteto Místico (1917)
Concerto para harmônica (1955)
Quinteto Instrumental (1957)
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Giancarlo Guerrero – regente
Manuel Barrueco – violão
José Staneck – harmônica
Após gravar as sinfonias de Heitor Villa-Lobos, a Osesp retoma a obra do compositor em seu novo disco, que integra a série Música do Brasil. Desta vez, o repertório aborda diferentes facetas do autor. A começar por duas obras concertantes, com a orquestra regida por Giancarlo Guerrero, um dos principais maestros convidados do grupo: o Concerto para violão e pequena orquestra, que tem como solista o cubano Manuel Barrueco, e o Concerto para harmônica, com José Staneck. O CD também contempla a produção de câmara de Villa-Lobos, tão importante em sua obra, com a presença do Sexteto místico (do qual participa, além de músicos do grupo, o violonista Fabio Zanon) e do Quinteto instrumental. Impressionista, o sexteto é de 1917, enquanto as demais obras, dos anos 1950, já apontam para a fase final da carreira do compositor, o que faz do álbum um painel interessante de sua inspiração, em interpretações de referência que reforçam o status de marco histórico da coleção Música do Brasil.
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Reprodução do encarte do CD
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19/02/2020
O Villa-Lobos imperdível da Osesp
Por Irineu Franco Perpetuo
O miraculoso projeto Brasil em Concerto, de gravação e difusão mundial de nossa música clássica pela Naxos, não poderia ficar completo sem a vedete das nossas orquestras – e ela não decepcionou. A estreia da Osesp na iniciativa, com um disco completamente dedicado a Villa-Lobos, é mais um daqueles primores que não podem faltar nas estantes dos dois ou três dinossauros que (como eu), ainda adquirem CDs – e se transforma em item obrigatório de escuta para quem já migrou de vez para as plataformas digitais.
Nossos compositores e obras são tão carentes de registro que haverá quem chie porque não se trata de um disco apenas de primeiras gravações. Bem, desde que a Osesp assumiu o protagonismo na vida musical brasileira, parece justíssimo que ela visite, interprete e grave todos os standards desse repertório. Sim, a música é um fenômeno global, e sua magia consiste em ver as grandes peças cruzando fronteiras, e sendo tocadas por musicistas de todas as latitudes. Por outro lado, sempre há a curiosidade de saber como os compositores “nacionais” de cada país soam ao serem executados pelas orquestras de suas terras natais. Queremos aprender com o Bartók de Budapeste, com o Tchaikóvski de São Petersburgo, com o Dvorák de Praga – e com o Villa-Lobos de São Paulo.
O Concerto para violão de Villa-Lobos é, possivelmente, a obra brasileira para instrumento solista e orquestra com maior difusão internacional, e não lhe faltam gravações excelentes. Essa aqui não fica para trás, com uma execução para lá de idiomática do violonista cubano Manuel Barrueco, e o apoio caloroso da Osesp, dirigida pelo costa-riquenho Giancarlo Guerrero – cuja rica colaboração com a orquestra, nos últimos anos, vem incluindo um repertório vasto, de Beethoven a Mahler, com uma química especialmente incandescente na música latino-americana.
Em 2017, Guerrero comandou uma performance refinada do Concerto para harmônica de Villa-Lobos, na Sala São Paulo, e toda a magia daquela ocasião está reproduzida no CD da Naxos. Aqui, como fizera na apresentação ao vivo, José Staneck demonstra tremenda intimidade com a partitura, que soa como se tivesse sido escrita expressamente para ele. Puro deleite, que convida à audição repetida.
Para além das peças orquestrais, o disco traz ainda duas criações de câmara, com nove musicistas, da jovem e talentosa oboísta Layla Köhler (que tive o prazer de ouvir no programa Prelúdio, da TV Cultura, e emprestou seu brilho à Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, antes de embarcar para o Royal College of Music, em Londres) ao experimentado violonista Fabio Zanon, villa-lobiano de carteirinha, autor de gravações de referência e de um livro excelente sobre o compositor, bem como de um dos textos do encarte do disco.
São partituras de combinação instrumental heterodoxa: o Sexteto místico, para flauta, oboé, saxofone alto, harpa, celesta e violão; e o raramente executado Quinteto instrumental, para flauta, violino, viola, violoncelo e harpa. Com equilíbrio e fraseado resolvidos pelos executantes de maneira magnífica, ambas as obras possuem um colorido onírico e inusitado, e dão o enésimo testemunho da fértil e ousada imaginação de Villa-Lobos.
![Heitor Villa-Lobos [Reprodução]](/sites/default/files/inline-images/0-villa-lobos.png)
01/12/2019
A Naxos é uma Festa
por Jorge Coli
Importância do projeto Música do Brasil faz lembrar trabalho pioneiro de Irineu Garcia com a gravadora Festa
Os jovens que gostam de música não sabem como era difícil ouvir composições brasileiras no passado. Quase só em concerto, porque discos eram raros.
A gravadora Festa, criada pelo jornalista Irineu Garcia, foi pioneira. Ruy Castro fez uma evocação de Garcia em sua coluna na Folha de S.Paulo. Conta que ele era pobre. “Não havia então leis de incentivo e ministérios da Cultura – Irineu era seu próprio incentivo e ministério. Contando tostões, pagava os custos de gravação e prensagem no estúdio da Odeon. O Itamaraty lhe comprava um lote de exemplares para distribuição no exterior, e o resto da tiragem ia para as lojas disputar com o hit parade.”
Começou com a ideia de registrar poemas. Na novidade que eram os LPs, bolachas “lentas”, rodando a 33 rotações por minuto, não mais nas velhas em 78 rpm, poetas deixaram suas vozes dizendo seus versos. O primeiro, de 1955, trazia Manuel Bandeira de um lado e Carlos Drummond de Andrade do outro.
Ana Paula Orlandi Mourão Delfim fez, na ECA/USP, um mestrado que conta a história da Festa: o catálogo se ampliou com Vinicius de Moraes, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Cecília Meirelles, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto e outros. Publicou também teatro (o monólogo As mãos de Eurídice, de Pedro Bloch, na voz de Rodolfo Mayer); intérpretes como Procópio Ferreira, Paulo Autran e a mítica “diseuse” Margarida Lopes de Almeida deixaram poemas e contos nos sulcos do vinil. Uma lembrança pessoal: eu tinha 9 anos quando ganhei O pequeno príncipe, de Saint-Exupéry, com um elenco encabeçado por Paulo Autran. Ouvi tanto que decorei. Tenho até hoje na cabeça o “vivi só. Sem amigos com quem pudesse conversar”, naquela voz inconfundível. A trilha sonora foi criada por um Antonio Carlos Jobim de 30 anos.
Na Festa, havia ainda música popular. Eram concepções requintadas: o disco Canções do amor demais, com Elizeth Cardoso; e o Festa dentro da noite, com Vadico. Modinhas fora de moda teve como intérprete a fabulosa Lenita Bruno, hoje não lembrada como deveria. Interpretava Nepomuceno, Carlos Gomes, Gallet, Villa-Lobos, atravessando a fronteira em direção à assim chamada “música clássica”.
E a Festa também se lançou nesse empíreo com uma coleção de música brasileira. Abriu com Valsas de esquina e, em seguida, Doze valsas choro, de Mignone, o compositor ao piano.
Publicou também grandes obras para orquestra. Não tinha recursos para fazê-lo em estúdio: servia-se de gravações ao vivo da Orquestra Sinfônica Brasileira, tomadas da Rádio Ministério da Educação e Cultura. De Lobo de Mesquita a Santoro e Camargo Guarnieri, era um tesouro sonoro ao qual o público tinha acesso.
A Festa durou até os anos 1970, quando seu criador se exilou em Portugal. Irineu Garcia era de esquerda – e o universo dos nomes ligados à Festa demonstra essa vinculação: Claudio Santoro, Arnaldo Estrella, Edoardo de Guarnieri, Pablo Neruda, Nicolás Guillén, edição de dois discos soviéticos. Com o golpe de 1964, as facilidades de contato com autoridades oficiais cessaram. Mas a Festa durou o suficiente para produzir um tesouro de que Gracita Bueno, sobrinha de Irineu Garcia, hoje cuida e o qual busca divulgar. Devo à Festa muito de meus prazeres intensos e de meus mirrados conhecimentos em matéria musical.
Com este projeto, composições escritas nestas terras e excelentes intérpretes atuais, tão abundantes, traçarão uma história sonora
O que era para ser uma breve introdução ao assunto principal acabou tomando conta de quase toda esta página. Ainda assim, há espaço para o objetivo: contar meu entusiasmo por dois discos recentes que recebi da Naxos, que criou a coleção The Music of Brazil, de enorme importância, equivalente hoje ao que foi a Festa no passado.
Há o CD que apresenta sonatas para violino e piano, uma de Leopoldo Miguez – sólida, bem construída e levemente convencional –, e duas de Glauco Velásquez, fulminantes de genialidade, de invenção moderna. São interpretadas por Emmanuele Baldini e Karin Fernandes: violino de cores douradas e sensuais em fusão com o piano.
O outro disco é consagrado a Nepomuceno: O garatuja, Série brasileira e Sinfonia em sol (a Festa dera a primeira versão gravada com Edoardo de Guarnieri). Que grande, que notável orquestra, a Filarmônica de Minas Gerais, sob a batuta de Fabio Mechetti!
Com este projeto que a Naxos inicia, as composições escritas nestas terras e os excelentes intérpretes atuais, tão abundantes por aqui, traçarão uma história sonora. E as obras terão grande alcance, já que a Naxos conta com excelente distribuição internacional.
Críticas internacionais
Fanfare, May 2020
Barrueco’s expressive and fluent playing in the Guitar Concerto is matched here by the excellent São Paulo Symphony Orchestra, who are well versed in the music of this composer, having recorded his symphonies and large orchestral works.
The musicians here clearly know they are onto something special, exploring the atmospheric texture with great care and beauty. For the Quintet’s second movement alone, the new disc is an essential purchase.
David Hurwitz
ClassicsToday.com, April 2020
The uniformly first-rate performances by members of the São Paulo Symphony under the vital and sensitive direction of Giancarlo Guerrero are excellently engineered, making the whole disc a joy from start to finish—a true voyage of discovery and delight.
Ben Wilkie
Limelight, March 2020
Seems Brazil has produced more than just soccer superstars.
Villa-Lobos’s enthusiasm for new colours and textures is on display in this new release of concerti and chamber works, part of the Brasil em Concerto project developed by the Brazilian Ministry of Foreign Affairs to promote nation’s musical history. Villa-Lobos has a genuine claim to historical significance, and is by far the most well-known South American composer.
Two fascinating ensemble works complement the concerti: the Sexteto Místico from 1917 and the mature Quinteto Instrumental from 1959. The earlier work demonstrates Villa-Lobos’ experimentations with creative instrumentation and explorations of dissonance and polytonality. The Quinteto is even more adventurous, and both are given articulate performances. …This recording is an ideal introduction.
Rafael de Acha
Rafael’s Music Notes, February 2020
This CD features the Concerto for Guitar and Small Orchestra played lustrously by Manuel Barrueco with Giancarlo Guerrero leading the superb Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo in a note perfect reading of this key work of 20th century guitar music.
My CD collection is now augmented by one more gem from Naxos. I can hardly wait for what’s up next.
Raul da Gama
The WholeNote, January 2020
The São Paulo Symphony Orchestra, under the baton of Giancarlo Guerrero, is in exquisite form throughout, as is the OSESP Ensemble. The warmth of guitarist Manuel Barrueco’s playing—like his tone and touch—is eminently suited to Villa-Lobos’ work. Harmonica wizard José Staneck’s performance is utterly unforgettable for his ability to communicate Brazilian saudade on so tiny, albeit exquisitely chromatic, an instrument.
Infodad.com, December 2019
The composer combines the instruments’ sounds in unusual ways, for example by having a theme carried by oboe, flute and saxophone while the strings only provide background. Delicacy and placidity are the main emotional colorations of this work, whose unusual scoring is its most-attractive element—showing, as do all the pieces on this CD, the extent to which Villa-Lobos was interested in exploring the sound both of individual instruments and of groupings of them.
Azusa Ueno
The Classical Review, November 2019
…The Harmonica Concerto brings to the forefront the harmonica’s melodic range and coloristic capabilities. The second movement is impressive, placing both the soloist and orchestra against a coloristic backdrop of rich, unexpected harmonies. The orchestral introduction gives the movement a beautiful and expansive entrance. Soloist José Staneck continues this with good use of color changes over an expressive line (0’30 onward).
Lark Reviews, November 2019
…This forms an interesting collection as it includes the Sexteto Mistico and the Quinteto Instrumental in addition to the two concerti. Though popular at the time of its writing the guitar concerto is rarely played today and the appealing harmonic concerto entirely absent. This is a pity as both works have much to commend them and it would be good to feel that programme organisers moved outside of their comfort zone at times.
Robert Benson
ClassicalCDReview.com, November 2019
All of this vibrant music is performed to perfection by the first-class São Paulo Orhestra direted by Giancarlo Guerrero. This is an important addition to the Naxos Villa-Lobos series that already includes many reordings by the São Paulo Symphony Orchestra… Thank you, Naxos!
Records International, November 2019
The concertos and chamber works on this album show Villa-Lobos’s unceasing enthusiasm for new colors and sonorities in his music. A cornerstone of the repertoire, the 1951 guitar concerto contains soaring melodies and rhythmic vitality couched in virtuosic writing. Exploring the instrument’s full harmonic and chromatic possibilities, the one for harmonica (1955) is also deftly orchestrated. Spanning much of his career, new and daring sonic combinations are to be heard in the two chamber works (the sextet from 1917 and the quintet from 1957) demonstrating the composer’s extraordinary gift for seductive lyricism.
Dean Frey
Music for Several Instruments, October 2019
I’ve only listened to this new recording of the Concerto by Manuel Barrueco and OSESP (the São Paulo Symphony) under Giancarlo Guerrero, five or six times, but I’m already suspecting this will go to the very top of the list. Barrueco’s playing is outstanding, especially in the Cadenza, and even in the Finale the partnership between soloist and orchestra makes the most compelling case for bringing this work out of the John Williams cold.
I look forward to more in this series
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