Editorial

por Nelson Rubens Kunze 01/07/2019

Prezada leitora, prezado leitor,

No próximo dia 9 de julho a Sala São Paulo comemora 20 anos de sua inauguração. Creio que todos que participamos daquele momento, ainda no século passado, intuímos que seria um marco para a atividade clássica em São Paulo e no Brasil. E foi! Em vinte anos de programação ininterrupta – tendo como eixo as temporadas anuais da renovada Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo –, a Sala São Paulo estabeleceu um novo paradigma de excelência para órgãos públicos de cultura no país. Tão importante quanto a construção da Sala São Paulo e a consolidação da Osesp como primeira orquestra brasileira de padrão internacional, vale lembrar que a garantia de manutenção de um projeto de longo prazo, que atravessa diversas gestões políticas, se deveu também à aprovação da legislação das organizações sociais, que desde 2005 rege a Sala São Paulo e a Osesp. 

Esse verdadeiro milagre de política cultural pública – raro no mundo – não teria sido possível sem o incentivo e o patrocínio direto do governo do estado de São Paulo, capitaneado então por Mário Covas e tendo como secretário de Cultura Marcos Mendonça, ou sem o espírito empreendedor, corajoso e visionário do maestro John Neschling. 

Os vinte anos da Sala São Paulo são a capa desta edição da Revista CONCERTO. O editor-executivo João Luiz Sampaio conversou com diversas personalidades do meio musical para recontar a história da principal sala de concertos do país, desde sua origem até os desafios da atualidade.

Este mês de julho também marca a abertura de outro espaço que promete fazer história: na Bahia, no Parque do Queimado em Salvador, o Neojiba, projeto musical de integração social, inaugura sua sala de concertos. O jornalista Irineu Franco Perpetuo conversou com o pianista Ricardo Castro, idealizador e diretor do projeto, e reporta mais essa conquista da vitoriosa trajetória do Neojiba. Não por acaso, como a Osesp e a Sala São Paulo, o Neojiba é um projeto cultural público mantido pelo Estado e dirigido por uma organização social.

O entrevistado desta edição da Revista CONCERTO é o maestro suíço Thierry Fischer, que a partir de janeiro de 2020 será o novo diretor musical e regente titular da Osesp. Fischer será o quarto regente do grupo após a reformulação empreendida nos anos 1990 – ele sucede Marin Alsop, que esteve no cargo desde 2012, e Yan Pascal Tortelier, que veio depois de John Neschling em 2010. Com entusiasmo, Fischer contou à jornalista Camila Fresca que fará escolhas e decidirá sobre repertórios (“gosto de dizer, como provocação: as concepções artísticas de um diretor musical não são negociáveis”) e que “estamos em condições de desenvolver juntos grandes ideias, que podemos ter a ambição de ser uma das grandes orquestras internacionais”. Thierry Fischer promete grandes emoções! 

Para a seção Palco desta edição, o jornalista Leonardo Martinelli conversou com o tenor sensação italiano Vittorio Grigolo, que neste mês inaugura a série Grandes Vozes do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Já a seção Fermata lembra os 80 anos do destacado compositor Ricardo Tacuchian, que conversou com a jornalista Luciana Medeiros. 

Não deixe de ler os textos de nossos colunistas, o jornalista João Marcos Coelho (que reflete sobre a importância da cultura), Jorge Coli (sobre a adequação de uma arte a determinada arquitetura) e o maestro Júlio Medaglia (que festeja os 90 anos do compositor Ernst Mahle). E, a partir da página 23, como em todos os meses, você acompanha a agenda clássica brasileira: tem Rigoletto, de Verdi, e Italiana in Algeri, de Rossini, em São Paulo; Fausto, de Gounod, no Rio de Janeiro; Canto em Trancoso na Bahia; e outras centenas de ótimos concertos em diversas cidades do país, com destaque para a programação da 50ª edição do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. 

Leia a Revista CONCERTO e desbrave com a gente o maravilhoso mundo da música!