Carla Caramujo celebra Camões e a Igreja da Candelária em recitais no Rio

por Luciana Medeiros 05/06/2025

As celebrações dos 500 anos de nascimento do maior poeta português, Luís de Camões, que começaram em 2024 com uma longa série de eventos – inclusive no Brasil –, está se encerrando por aqui com um concerto no extraordinário Real Gabinete Português de Leitura, no Centro do Rio de Janeiro.  Na terça-feira, dia 10 de junho – data do falecimento do poeta, em 1580 –, às 17h, a soprano Carla Caramujo é a convidada do consulado português do Rio, que tem à frente Gabriela Soares de Albergaria. Carla canta, em duo com o pianista Bernardo Marques, peças de compositores portugueses de várias gerações, inclusive modernos, que musicaram poemas de Camões. O programa tem a parceria do Teatro Nacional São Carlos, em Lisboa.

A data é também dia das Comunidades Portuguesas. “Teremos peças de criadores incontornáveis da nossa música”, conta Carla, que já fez em concerto o Tríptico Camoniano de Alexandre Delgado e obras de Luís Freitas Branco sobre poemas de Camões. “De Joly Braga Santos (1924-1988), canto três belíssimas canções sobre sonetos. Dos nascidos no século XIX, temos Freitas Branco e João Arroio. Da primeira década do século XX, Fernando Lopes-Graça, que morreu em 1994, foi um artista que lutou contra a ditadura de Salazar, e Bertha Alves de Sousa. Finalmente, Delgado, nascido em 1965, foi aluno de Joly e, além de compositor, é um estudioso da música portuguesa. Ou seja, teremos um painel muito amplo de criadores em torno da poesia camoniana.”

Carla ainda fará um segundo concerto, na Igreja da Candelária, no Centro do Rio, dia 11 de junho, às 18h, cantando uma obra muito pouco executada no Rio de Janeiro – o Stabat Mater de Boccherini (1743–1805). “É uma escolha que se alinha à devoção mariana associada a Nossa Senhora da Candelária”, explica a soprano, que será acompanhada pelo Quarteto Atlas (formado por Ricardo Amado e Carlos Mendes, violinos, viola; José Ricardo Taboada, viola; Ricardo Santoro, violoncelo) com a participação do contrabaixista André Geiger. 

Além da lembrança do 5º centenário de Camões, há outra efeméride associada a esse concerto: os 30 anos do Projeto Candelária, com a promoção de concertos desde 1995 na tradicional igreja carioca, inaugurada em 1868 e fruto de uma promessa feita por um casal de espanhóis em 1775, quando enfrentaram tempestades na travessia do Atlântico. Também se celebram os 50 anos da implantação da Pedra Fundamental da igreja. Os dois concertos têm entrada gratuita, com acesso sujeito à lotação.

Carla estará, esse ano, em mais de uma função. Como cantora, estará no festival Cistermúsica, festival em Alcobaça, que acontece de 27 de junho a 2 de agosto. Em 11 de julho, canta com o Ensemble Mediterrain – orquestra de câmara – e o barítono André Baleiro 15 canções de Gustav Mahler, do ciclo Des Knaben Wunderhorn. Em 19 de julho, volta a cantar a Missa em dó menor de Mozart com a Orquestra Filarmônica Portuguesa no Porto.

E, de 6 a 21 de setembro, Carla estreia na direção do Festival de Ópera de Óbidos, na bela cidade medieval a meio caminho entre Lisboa e o Porto. “Teremos uma programação intensa e, como está nas primeiras divulgações, ‘navegamos por mares de tolerância e irreverência’, que é o tema.” 

Entre os temas do festival estará a lembrança dos 500 anos de morte do navegados Vasco da Gama, os 150 anos de nascimento de Ravel, os 150 de morte de Bizet e os 55 anos de morte de Almeida Negreiros. Acontece também a estreia mundial de Café Europa – Between Memories, do jovem alemão Christoph Renhart. A programação completa será divulgada ao longo do mês.


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A soprano Carla Caramujo [Divulgação]
A soprano Carla Caramujo [Divulgação]

 

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