Sinfônica Nacional da UFF inicia celebrações pelos 60 anos

por Redação CONCERTO 12/01/2021

A Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (UFF) lançou nesta terça-feira, dia 12, um vídeo com obra de Villa-Lobos para marcar o início das comemorações pelos seus 60 anos de atividades.

Nele, o grupo interpreta a Fuga das Bachianas brasileiras nº 7. O vídeo traz ainda depoimentos de músicos que participaram dos momentos iniciais da orquestra, como o contrabaixista Sandrino Santoro e a flautista Odette Ernest Dias.

 

A orquestra começou a nascer no final dos anos 1950, quando diversos músicos da Rádio Nacional atuavam também na programação da Rádio MEC. Foi então que o compositor Edino Krieger e o musicólogo Mozart de Araújo sugeriram à emissora ligado ao Ministério da Educação que formasse uma orquestra própria.

Pouco depois, em 12 de janeiro de 1961, o então presidente Juscelino Kubitschek assinou um decreto criando oficialmente o grupo, que tinha como objetivo dedicar-se à música brasileira, em especial à criação contemporânea.

O primeiro a reger a Sinfônica Nacional foi o compositor Francisco Mignone. Alceo Bocchino atuou como regente titular durante 13 anos, tendo Krieger como assistente. Compositores como Guerra-Peixe, Hekel Tavares, Camargo Guarnieri e muitos outros trabalharam em conjunto com a orquestra.

 

Em 1982, já com cerca de duzentas gravações no currículo, a orquestra sofreu um trauma: o presidente João Figueiredo extinguiu o Serviço de Radiodifusão Educativa no MEC, ao qual pertencia o grupo, que ficou durante dois anos sem local de ensaio e cujos músicos sofreram redução salarial – a sinfônica só não foi extinta porque acabou transferida para a Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa.

Até que em 1984 a orquestra foi absorvida pela Universidade Federal Fluminense, o que se tornou lei em 1986, por decreto do presidente José Sarney. Teve início então um período de reconstrução: seriam necessários nove anos até que, por meio de concursos, o grupo recuperasse a quantidade original de músicos. 

 

Em 1996, a orquestra passou a ser dirigida pela maestrina Ligia Amadio, que durante uma década realizou importantes gravações dedicadas à história da música brasileira. Em 2008, a Sinfônica Nacional passou a trabalhar não mais com regentes titulares, mas, sim, com regentes residentes.

Entre 2016 e 2019, o maestro Tobias Volkmann atuou como regente convidado principal, comandando gravações importantes, como a da sexta sinfonia de Claudio Santoro para a Academia Brasileira de Música.

A lista de gravações da orquestra tem diversas preciosidades. Uma delas é o registro, de 1962, dos dois concertos em formas brasileiras de Hekel Tavares, com o compositor regendo e o violinista Oscar Borgeth e o pianista Souza Lima como solistas. Do mesmo ano é o disco com trechos das óperas O escravo e Fosca, de Carlos Gomes, com Nino Stinco.

Nos anos 1960, foi realizada uma série de cinco LPs dedicados à música na corte brasileira. Obras de Claudio Santoro, Camargo Guarnieri, Edino Krieger Lindembergue Cardoso, Francisco Mignone, Eunice Katunda – muitas em primeiras gravações – também integram o acervo da orquestra.

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Edino Krieger rege a Orquestra Sinfônica Nacional nos anos 1960 [Reprodução]
Edino Krieger rege a orquestra em concerto nos anos 1960 [Divulgação]
A orquestra durante concerto no Centro de Artes da UFF [Divulgação]
A orquestra durante concerto no Centro de Artes da UFF [Divulgação]
Francisco Mignone rege a OSN em 1962, em concerto na favela do Jacarezinho em comemoração ao dia do trabalhador [Reprodução]
Francisco Mignone rege a OSN em 1962, em concerto na favela do Jacarezinho em comemoração ao dia do trabalhador [Reprodução]

 

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