Ópera ‘Domitila’, de João Guilherme Ripper, ganha diferentes montagens no bicentenário da Independência

por Redação CONCERTO 06/09/2022

Além de nova produção brasileira, obra terá duas temporada em Portugal, uma delas com a estreia da versão sinfônica da partitura

A relação entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos inspirou, no início dos anos 2000, a criação da ópera Domitila, de João Guilherme Ripper. A peça foi encomendada pelo diretor André Heller-Lopes e o próprio Ripper assinou, além da música, o libreto, inspirado na correspondência trocada entre o imperador e sua amante.

Heller dirigiu a produção da estreia, que contou com a soprano Ruth Staerke como Domitila – o espetáculo venceu o Prêmio APCA de melhor obra de câmara. Após diversas encenações no Brasil, Domitila estreou em 2018 em Lisboa com a interpretação da soprano Carla Caramujo, acompanhada pelo Toy Ensemble. O trabalho foi registrado em disco pelo Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.

A ópera é um monólogo que ao mesmo tempo aposta na polifonia, como anota Nívea Renata Alencar de Freitas, da Universidade Federal de Minas Gerais, em texto sobre a partitura.

Ela fala em “discursos de diferentes naturezas que se sobrepõem”, “de vozes que dialogam em uma ópera paradoxalmente estruturada como um monólogo, ou monodrama, gênero que poderia, à primeira vista, ser percebido como sendo conduzido pela voz solitária e não correspondida de um personagem único”. 

“A percepção destas vozes torna-se um aspecto relevante para a interpretação musical e cênica da soprano que atuará na obra. Intérprete única, mas plural, a cantora falará por Domitila, a amante, Domitila, a mulher brasileira no século XIX, e conduzirá ela também a voz de Pedro, o amante, e de Pedro, o Imperador, vozes que se provocam e se respondem. Terá a intérprete, portanto, a responsabilidade de dar à percepção do espectador as vozes em diálogo", escreve.

E completa: "A riqueza desta narrativa cênico-musical engendrada por João Guilherme Ripper, cuja música e libreto emprestam unidade às cartas publicadas, deve ser lida e compreendida por seus intérpretes, que se configuram como seus cúmplices e coautores”.

No momento em que se completa o bicentenário da independência, a obra será apresentada mais uma vez em diferentes espaços no Brasil, agora em setembro, em sua formação original: piano, clarinete e violoncelo. E, em outubro, será estreada em Portugal sua versão sinfônica, com regência de Tobias Volkmann e Caramujo mais uma vez no papel.

Heller-Lopes assina a nova produção brasileira da obra, que estreia na quarta, dia 7, na escadaria do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Participam do espetáculo a soprano Gabriella Pace, que faz sua estreia no papel, o clarinetista Cristiano Alves, a violoncelista Lisiane De Los Santos e a pianista Priscila Bomfim.

No dia 10, o espetáculo segue para o Conservatório de Tatuí, onde será apresentado por Ovanir Buosi, Rafael Cesário e Luiza de Aquino Sales; e, no dia 13, estará nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, com Alves, Cesário e Bomfim. 

Em outubro, em Portugal, serão duas temporadas. A primeira delas, em Vila Nova de Famalicão e Ponte de Lima, reúne a soprano Sara Braga Simões ao Toy Ensemble, formado por Ricardo Alves (clarinete), Jed Barahal (violoncelo) e Christina Margotto (piano).

A segunda, em Lisboa, traz a nova versão orquestral, encomendada por André da Cunha Leal e Centro Cultural Belém, com apoio do Ministério das Relações Exteriores e Embaixada do Brasil em Lisboa. Tobias Volkmann rege a Orquestra Metropolitana de Lisboa e Carla Caramujo volta a viver o papel de Domitila.

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Gabriella Pace como Domitila [Divulgação/Theatro Municipal de São Paulo/Stig de Lavor]
Gabriella Pace como Domitila [Divulgação/Theatro Municipal de São Paulo/Stig de Lavor]

 

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Das apresentações em Portugal, Dia 1 de outubro acontecerá na Casa das Artes em Vila Nova de Famalicão e dia 8 no Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima com encenação e figurino de Pedro Ribeiro. O violoncelistas a integrar o Toy Ensemble será Burak Ozkan.

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