Luciana Medeiros: uma mudança significativa na ópera

por Redação CONCERTO 16/01/2024

Retrospectiva 2023: Luciana Medeiros, jornalista 

No Rio de Janeiro da música clássica e da ópera, o ano em que a normalidade pós-pandemia parece ter se consolidado não trouxe novidades nem destaques – alguns passos para trás, poucos centros de relativa estabilidade. Por isso, me chama a atenção uma significativa mudança na ópera brasileira da qual o Rio de Janeiro já começou a participar: a circulação de produções, iniciativa que potencializaria em quantidade e qualidade a cena lírica do país. Já estão sendo “trocadas” (ou compartilhadas) produções entre Manaus e Belém, o eixo amazônico da ópera; o Municipal de São Paulo também entra no circuito com O contractador de diamantes na temporada 2024; o Theatro São Pedro e o Municipal de São Paulo terão O afiador de facas, de Piero Schlochauer (que ganhou o prêmio do Fórum) sendo criada pela mesma equipe com roteiro de circulação a ser montado; internacionalmente, houve Peter Grimes, que foi parceria com a Universidade de Los Andes, da Colômbia; a Madame Butterfly do Colón, montagem dirigida por Livia Sabag, vem para o teatrão paulistano; Piedade, de João Guilherme Ripper, na versão de Manaus, vai para Bogotá, na Colômbia.

Flavia Furtado tem muita responsabilidade na resistência e na resiliência da ideia – óbvia e necessária – de compartilhar recursos para montagens. Recordo claramente algumas tentativas, como a reunião de teatros-monumento nos anos 1990, mas que não iam para a frente. Desde a primeira década do século, a diretora do Festival Amazonas pegou à unha a ideia da integração brasileira a organismos internacionais, notadamente a OLA – Ópera Latinoamérica. O recente encontro Ópera em Pauta, em outubro, em Salvador, reuniu esperançosamente mais representantes de teatros e instituições – inclusive o Rio de Janeiro, que esteve por muito tempo fora das conversas. E nesse fim de ano, meus votos são de que essas colaborações se expandam para que a ópera – ela que emerge da colaboração entre os gêneros artísticos – seja uma realidade mais viável para muitos mais, principalmente no Brasil.  

[Clique aqui para ler outros depoimentos publicados na Retrospectiva 2023 da Revista CONCERTO.]

Luciana Medeiros

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