Morre Alfred Brendel aos 94 anos

Alfred Brendel, um dos maiores pianistas de nosso tempo, morreu nesta terça-feira, 17 de junho, em Londres, aos 94 anos. Considerado um dos principais intérpretes do repertório clássico e romântico, Brendel teve uma longa e influente carreira internacional, destacando-se especialmente pelas interpretações de Beethoven, Schubert, Mozart e Haydn.

Brendel nasceu em 1931 em Wiesenberg, na então Tchecoslováquia, e cresceu na Áustria. Começou a estudar piano ainda criança, mas teve uma formação musical praticamente autodidata. Seu primeiro recital público ocorreu aos 17 anos, em Graz, e incluía obras de Bach, Brahms e Liszt, além de uma peça de sua própria autoria. 

Reconhecido pela clareza de pensamento musical e pela fidelidade às partituras, Brendel consolidou sua reputação como um dos principais intérpretes de Beethoven ao ser o primeiro pianista a gravar a integral das obras para piano solo do compositor alemão – trabalho que repetiria outas vezes ao longo de sua carreira. Também realizou gravações integrais das sonatas de Schubert. Além disso, fez registros também de obras de Mozart e Haydn, em interpretações que se tornaram referência. Também atuou como camerista e deixou uma vasta discografia, com mais de 100 gravações nos selos Vox, Philips e Decca.

Alfred Brendel trabalhou com as principais orquestras e os mais renomados maestros, como a Filarmônica de Viena, Filarmônica de Berlim, Sir Colin Davis, Charles Mackerras e James Levine. Entre os principais prêmios que recebeu ao longo da carreira estão o Grand Prix du Disque, o Prêmio Edison, o Prêmio Ernst von Siemens e a Grã-Cruz de Mérito da República Federal da Alemanha, além de ter sido nomeado Membro Honorário da Filarmônica de Viena.

Brendel anunciou sua aposentadoria dos palcos em 2008, com uma última apresentação pública em Viena, interpretando o Concerto em mi bemol maior K.271, “Jeunehomme”, de Mozart, ao lado da Filarmônica de Viena sob regência de Sir Charles Mackerras. Após encerrar as atividades como pianista, passou a se dedicar a atividades literárias e pedagógicas. Publicou livros de ensaios, memórias e poesia e tornou-se mentor de jovens pianistas.

Figura central da interpretação pianística do século XX, Alfred Brendel deixa um legado de rigor artístico, inteligência musical e respeito pela tradição, que influenciou gerações de músicos e ouvintes. Seu trabalho continua presente nas gravações e escritos que produziu ao longo de mais de seis décadas de atividade profissional.