Ópera ‘Don Giovanni’, de Wolfgang Amadeus Mozart.
Drama jocoso em dois atos KV 527
Libreto: Lorenzo da Ponte
Theatro Municipal de São Paulo, de 2 a 10 de junho de 2025
Orquestra Sinfônica Municipal e Coro Lírico Municipal
Roberto Minczuk – direção musical
Hugo Possolo – direção cênica
Hernán Sánchez Arteaga – regente do coro
Hernán Iturralde (dias 2, 4, 7 e 10) e Homero Velho (dias 3, 6 e 9) – Don Giovanni; Camila Provenzale (dias 2, 4, 7 e 10) e Ludmilla Bauerfeldt (dias 3, 6 e 9) – Donna Anna; Anibal Mancini (dias 2, 4, 7 e 10) e Jabez Lima (dias 3, 6 e 9) – Don Ottavio; Luisa Francesconi (dias 2, 4, 7 e 10) e Monique Galvão (dias 3, 6 e 9) – Donna Elvira; Michel de Souza (dias 2, 4, 7 e 10) e Saulo Javan (dias 3, 6 e 9) – Leporello; Carla Cottini (dias 2, 4, 7 e 10) e Raquel Paulin (dias 3, 6 e 9) – Zerlina; Savio Sperandio (dias 2, 4, 7 e 10) e Sérgio Righini (dias 3, 6 e 9) – Comendador; Fellipe Oliveira (dias 2, 4, 7 e 10) e Rogério Nunes (dias 3, 6 e 9) – Masetto.
Vera Hamburger – cenografia. Elisa Faulhaber – figurino. Miló Martins – design de luz. Jorge Garcia – coreografia. Piero Schlochauer – assistente de direção cênica. .
(Foto: divulgação, Larissa Paz)
OUVINTE CRÍTICO - ‘Don Giovanni’ [TMSP]
Participantes: 361
Média final: 4,32
(veja detalhes abaixo)
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Comentários
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Recita de 04/05. Apesar do…
Recita de 04/05. Apesar do bom nível vocal (destaque pra Elvira de Luiza Francesconi e pra Anna de Ludmilla Bauerfeldt), a tradução estabanada dos recitativos, com interpolações “lacradoras”, arruinou o espetáculo. “Não é não”, “respeita as mina”, “contra o macho tóxico”: concordo com tudo, mas notem que isso já está em Da Ponte, com muito mais elegância. A concepção do circo não atrapalhou, mas não acrescentou nada. Nota: traduziram pra português sem checar se o protagonista era fluente em… português! Iturralde, argentino, estava claramente desconfortável com o texto e falava enrolado. O idioma italiano, original da ópera, ele certamente falaria com boa dicção. Enfim, enquanto os diretores de ópera se acharem melhores do que Mozart, Verdi e cia, teremos esse tipo de coisa. “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.” Vale apenas o passeio no lindo Teatro e o espumante com os amigos.
Récita do dia 4/5. Gostei…
Récita do dia 4/5. Gostei bastante dos cenários, do figurino e da inserção das práticas circenses. Os cantores estavam ótimos, em particular Luiza Francesconi (Elvira) e Ludmilla Bauerfeldt (Anna), que estavam perfeitas.
Foi a primeira vez que assisti essa ópera (acho que isso foi importante para a minha percepção dessa montagem). Desde que comecei a vê-la, aguardava ansiosamente pela cena final. No meu entendimento, nesta obra Mozart queria deixar muito claro que liberdade é diferente de libertinagem, e que, embora sejamos livres, nossas atitudes possuem consequências. Isso se reflete justamente no fim da ópera, onde Don Giovanni paga por todas as suas ações sendo mandado diretamente ao inferno. Apesar do teor cômico durante a maior parte do espetáculo, esta cena final deveria ser extremamente chocante para refletir este ideal (ainda mais com a comparação de Don Giovanni com os homens machistas da atualidade que o diretor queria fazer). Porém, o que eu recebi, ao invés disso, foi um cavalo mal feito e que tirou toda seriadade que aquele momento deveria ter, o que me fez deixar o teatro consideravelmente frustrado.
Com relação à troca dos recitativos pelas falas, não tenho uma opinião muito bem formada. Por um lado, o roteiro me fez rir genuinamente. Por outro, fiquei curioso imaginando como teria sido assistir a obra com os recitativos.
No final, acho que a ópera não foi tão ruim quanto algumas pessoas estão comentando (certamente não me arrependo de ter ido assistir), mas também não é uma das mais memoráveis que eu assisti no teatro.
Os cantores cantam baixo …
Os cantores cantam baixo (volume), a sonoridade se perde, os recitativos foram transformados em diálogos em português que se pretendem engraçados (e não o são). São simplórios, chulos, sem dicção, quase não se usou o cravo nos recitativos (é fundamental para o efeito musical), perdeu-se a riqueza de significados do libreto (tão importante para o enredo). Dom Giovanni fala um Português muitas vezes ininteligível, o barulho do palco (há muito barulho) abafa as vozes dos cantores, o lado dramático da ópera foi apagado completamente. Houve uma pausa para homenagear um malabares de farol com intenso barulho de carros (qual o contexto? Para agradar ao diretor de cena?). Transformaram o Massetto e a Zerlina em personagens da novela o Cravo e a Rosa (menções excessivas ao Agronegócio, à agrotóxicos????). Até introduziram acordes de música sertaneja. A ópera está infantilizada, mal cantada e mais uma vez abafada pelo regente, que acha que rege a banda militar da PM.
Assisti no sábado e no…
Assisti no sábado e no domingo, em ambas Ludmilla Bauerfeldt foi o grande destaque da noite. De um modo geral, se por um lado, vocalmente, foi excelente; por outro, a montagem (direção cênica, cenários, figurinos) foi um desastre que, inclusive, atrapalhou a performance dos solistas na récita do dia 03.maio. O coro está excelente como sempre - nosso grande patrimônio paulistano. A orquestra, por sua vez, sofreu na regência, o que tem sido uma constante no TMSP. Por fim, na récita de domingo, a festa ao lar livre do lado de fora do teatro foi ouvida / reverberou durante toda a apresentação. A PMSP deveria se preocupar um pouco sobre a autorização dada a este evento que chegou a ser ouvido em bairros distantes do centro... até em Moema o ruído chegou!!! Enfim, parabéns aos solistas e ao coro - fizeram excelentes apresentações.
A tempo, ao mesmo tempo que tínhamos em SP a estreia da desastrosa atual montagem de Don Giovanni... em Berlim, nosso sopranista Bruno de Sá brilha na atual montagem da mesma ópera no Komische Oper... tudo o que tem de ousado e estimulante na montagem berlinense, falta na que temos em cartaz em SP.
Fui no dia 06 de maio... A…
Fui no dia 06 de maio...
A montagem é decepcionante. Figurino ridículo (o que era a roupa do Don Ottavio??? E aquela armação de vestido de Elvira???)
Cenas "circenses" desnecessárias. Especialmente o cara fazendo malabarismo ao som de buzinas e motores de automóveis. Bizarro tambem o truque de serrar a Zerlina ao meio (não tem nenhuma relação com o contexto).
Mas o pior de tudo são os momentos em que os personagens recitam... uma linguagem chula e cbeia de lacração, falando mal do agro... falando de empoderamento feminino dessa forma idiota como se fala hoje (as mina e coisas do tipo).
Enfim, saí antes do intervalo, pois me senti em uma peça infantil.
Fui no dia 7 de maio Difícil…
Fui no dia 7 de maio
Difícil encontrar palavras para descrever o desastre que foi esse último 'Don Giovanni' paulistano. Um espetáculo que trocou a genialidade de Mozart por um circo pretensioso – repleto de excentricidades vazias, sem propósito artístico ou coerência. A ideia de 'modernizar' os recitativos, traduzindo-os para um português truncado, não só falhou em tornar a obra mais acessível como ainda roubou sua essência. Resultado? Uma caricatura tosca de uma ópera genial.
Para completar o fiasco, vozes desiguais (entre solistas que pareciam estar em óperas distintas) e uma orquestra que desafinava com a convicção de quem nunca viu a partitura. A direção cênica, obcecada por efeitos baratos, ignorou que o drama mozartiano se alimenta de subtilezas – não de pantominas grotescas, nem leituras maniqueístas.
Um espetáculo que, longe de homenagear o mito de Don Juan, enterrou-o sob pilhas de más decisões. Único mérito? Passar para o esquecimento.
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O Theatro Municipal não…
O Theatro Municipal não avisou previamente aos assinantes, que o Don Giovanni anunciado para a temporada, seria "uma concepção inusitada de Hugo Possolo". Se era para ser engraçado ou inusitado, deve ter sido para quem colheu os resultados pecuniários da empreitada primária, rasa, limitada, obtusa... Não faltam adjetivos para a torturante e irritante apresentação que vilipendiou da pior forma possível uma obra tradicionalmente consagrada. Não há como considerar aqueles diálogos chulos e patéticos, nem mesmo no lunático ambiente circense que, diga-se de passagem, resultou num figurino que parece ter sido concebido por uma criança. Enfim, tudo nessa apresentação foi jogado para o público de forma desabotoada, sem qualquer cuidado ou respeito ao histórico do Theatro e ao seu público. Ainda temos uma longa temporada pela frente, inclusive com Macbeth. Seja como for, não vale mais a pena ser assinante da temporada de óperas do TMSP.
não vi problema nenhum em…
não vi problema nenhum em usar motivos circenses, a não ser pela ária de Ottavio, muito íntima, e que não cabia as meninas com as fitas passando atrás, desviando completamente a atenção desse momento singular. No caso, às vezes menos é mais. Achei os vocais muito bons, bons cantores, mas o que realmente eu não gostei foi do recitativo falado em português, não porque não se possa experimentar em ópera ou se trazer algumas reinterpretações, mas é que não consegui me ambientar na história, criar essa dimensão mágica da ópera, uma hora a história passa em determinado século, cantada em italiano, outra hora volta para a atualidade brasileira, essas idas e vindas cortaram a narrativa e a carga dramática do espetáculo, e para mim me pareceu mais um teatro musical excessivamente cômico.
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Decepcionante. A ópera…
Decepcionante. A ópera precisa incorporar linguagens e problemáticas contemporâneas para se manter como arte viva ao longo dos séculos, e provocar a oportuna reflexão que pode levar a transformações. Mas tem um limite. Construíram uma releitura de Mozart/Da Ponte com recitativos cheios de interpolações medíocres, linguagem rebaixada, recheada de clichês e diálogos vazios. Por que subestimar nossa capacidade de interpretar e criar junto com a obra? Mozart e Da Ponte, séculos antes, foram mais generosos. Com uma lente atenta, uma plateia experimentada é capaz de perceber a ironia do texto, detectar anacronismos e sair imune para debater as evoluções civilizatórias alcançadas e as demandas sociais ainda presentes. Mas parece que tem sempre alguém precisando brilhar narcisicamente mais que o Sol. Eu me senti um idiota na plateia, como se estivesse em uma exposição acompanhado pelo próprio artista impondo a sua versão para a obra. Em tempo, "bravi tutti" para um elenco que foi digno e manteve Mozart e sua música no lugar mais alto do pódio.
Senhoras e senhores, por favor, “respeita as ópera!”