Seleção de Abril de 2021

por Redação CONCERTO 01/04/2021

MOSOLOV
Sinfonia nº 5 – Concerto para harpa
Orquestra Sinfônica de Moscou
Arthur Arnold
– regente
Taylor Ann Fleshman – harpa
Lançamento Naxos. Importado. R$ 80,30
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A história do compositor Alexander Vasileyevich Mosolov está profundamente associada aos episódios políticos que agitaram a União Soviética. Nascido em 1900, já nos anos 1920 alcançou fama com suas obras. No entanto, em 1936, entrou em conflito com autoridades do país e acabou expulso do Sindicato de Compositores, sendo preso em um gulag. Foi solto devido à ajuda de professores do Conservatório de Moscou. Todos esses eventos tiveram impacto em sua obra. Se, no começo de sua trajetória, as peças celebravam os ideais da revolução, após os anos 1940 elas se tornaram mais complexas, unindo o folclore a temas universais. É o caso do Concerto para harpa e da Sinfonia nº 5, ambas em primeira gravação integral neste álbum da Orquestra Sinfônica de Moscou. No concerto, a solista é a norte-americana Taylor Ann Fleshman, com carreira em ascensão no cenário internacional. E, na colorida sinfonia, o maestro Arthur Arnold oferece uma leitura precisa, que evidencia a importância do resgate da obra de Mosolov. 


GERALDINE MUCHA
Música de câmara
Quarteto Stamic
Quinteto de sopros de Praga

Lançamento Brilliant Classics. Importado. R$ 86,20
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O resgate do trabalho de mulheres compositoras tem sido constante nos últimos tempos. Esse novo olhar para a história da música contempla diferentes épocas, do Renascimento ao século XIX. Mas, como este disco mostra, precisa chegar também à nossa época. Isso porque ele nos apresenta o trabalho de uma compositora pouco comentada, mas cuja música soa mais interessante a cada escuta. Geraldine Mucha (1917-2012) nasceu em Londres, mas viveu boa parte da vida em Praga, antes de se estabelecer na Escócia. Sua produção de câmara revela uma voz bastante original e que se transforma ao longo das décadas, ainda mais quando interpretadas por um time de jovens artistas comprometidos com esse repertório. Quarteto de cordas nº 1, por exemplo, é uma de suas primeiras obras, com forte atenção para o folclore; já Epitáfio para oboé e quinteto de cordas, de 1991, é uma intensa reflexão musical sobre a morte do marido. Chama atenção, ainda, Quinteto para sopros, também dos anos 1990, no qual a relação com o folclore aparece já bastante depurada por um estilo que mostra Mucha completamente à vontade entre a tradição e a busca por sua identidade musical. 


GIULIANI: LE ROSSINIANE
Goran Krivokapic
– violão
Lançamento Naxos. Importado. R$ 80,30
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Nas primeiras décadas do século XIX, a ópera exercia enorme influência no mundo musical, povoando a mente de intérpretes e compositores. A linguagem do bel canto, encarnada por nomes como Gioacchino Rossini ou Vincenzo Bellini, soava ainda fascinante, com o melodismo e o uso particular que colocava na voz a expressão dramática. Não foi por acaso, portanto, que o violonista e compositor Mauro Giuliani resolveu escrever Le rossiniane, conjunto de variações escritas a partir de temas de óperas de Rossini. A primeira, por exemplo, une trechos de Otelo e L’italiana in Algeri; na segunda, a base é da ópera La cenerentola; na terceira, Ricciardo e Zoraide; na quarta, Mathilde de Shabran; na quinta, Tancredi e O barbeiro de Sevilha; na sexta, Semiramide e Le siège de Corinthe. No fundo, essas peças, ao mesmo tempo que celebram a obra de Rossini, são um testemunho da busca por uma linguagem própria para o violão como instrumento, algo marcante na trajetória de Giuliani. E isso fica particularmente claro na interpretação de Goran Krivokapic, vencedor do Concurso Giuliani (Itália), muito atento tanto às idiossincrasias da música belcantista quanto aos novos mundos sonoros que elas sugerem para seu instrumento. 


SCHUBERT – PAGANINI
Vilde Frang – violino
Michail Lifits – piano
Lançamento Warner Classics. Importado. R$ 148,40
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Vencedora dos principais prêmios da crítica europeia nos últimos anos, Vilde Frang é um nome importante da nova geração de seu instrumento. E o último álbum da violinista revela os motivos. Não se trata apenas da técnica e da musicalidade exemplares, mas também da curiosidade ao montar repertórios. Tudo começou com o desejo de unir duas personalidades marcantes e, ainda assim, bastante distintas da música do século XIX: de um lado, o grande e célebre virtuose Niccolò Paganini; de outro, o “gênio modesto”, nem sempre reconhecido em vida, Franz Schubert. A partir daí, ela constrói uma narrativa musical empolgante, que não se limita aos dois autores, e que se torna ainda mais ampla ao mostrar como ambos influenciaram outros compositores. Assim, leituras ricas de Cantabile de Paganini ou Fantasia D 934 de Schubert são colocadas ao lado da versão de Heinrich Ernst para a canção Der Erlkönig; ou das Soirées de Vienna, valsa que Liszt escreveu a partir das Valsas nobres e sentimentais de Schubert. Um disco sobre dois autores, mas também sobre o mundo em que viveram. Fascinante.


QUEEN OF BAROQUE
Cecilia Bartoli
– mezzo soprano
Várias orquestras e maestros
Lançamento Decca Classics. Importado. R$ 189,70
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Foi no início dos anos 1990 que a carreira da mezzo soprano Cecilia Bartoli tomou um novo caminho. Até então se dedicando a papéis de Mozart e de compositores do bel canto, a cantora passou a olhar para o repertório barroco como foco. O resto, como se diz, é história. Não apenas ela se transformou em fenômeno de público e de vendas, como ajudou a redescobrir dezenas e dezenas de obras e compositores, em pesquisas tão cuidadosas e sofisticadas quanto sua técnica e sua musicalidade. Em Queen of Baroque, temos a chance de recuperar momentos marcantes desse percurso, que é também a trajetória da evolução da interpretação desse repertório – basta ver quem a acompanha nas faixas: orquestras como Il Giardino Armonico, Les Musiciens du Louvre ou a Academy of Ancient Music e maestros como Giovanni Antonini, Christopher Hogwood e Diego Fasolis. O repertório tem árias de Vivaldi, Händel, Porpora, Caldara, e duas preciosidades inéditas: a ária E l’honor stella tiranna, da ópera I trionfi del fato, de Steffani; e Quanto invidio la sorte, da ópera Alessandro nell’Indie, de Leonardo Vinci. Já valem o álbum, assim como a chance de relembrar duetos com artistas como o contratenor Philippe Jaroussky e a soprano June Anderson. Uma introdução, enfim, ao trabalho de uma das maiores cantoras das últimas décadas e também ao repertório barroco, que ela ajudou a redescobrir.


DVD
SPARTACUS

Aram Khachaturian – música
Yuri Grigorovitch e Vadim Derbenyov –direção e roteiro
Balé Bolshoi de Moscou
Lançamento CPCUmes. Nacional. R$ 50,70
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Estamos diante de um momento histórico do balé e da música na segunda metade do século XX. Em 1954, o compositor Aram Khachaturian escreveu, a convite de Leonid Yacobson, um balé inspirado na figura romana de Spartacus. A música recebeu os principais prêmios da cultura soviética. Mas a coreografia que a acompanhou foi muito criticada pelo conservadorismo, que nada tinha a ver com as propostas da partitura. Nos anos seguintes, porém, o balé deu origem a diferentes espetáculos. E quando, na década de 1970, Yuri Grigorovitch e Vadim Derbenyov criaram uma nova coreografia para o Balé Bolshoi, enfim música e movimento combinaram-se de maneira indissociável. É esse espetáculo que sai agora em DVD, oferecendo ao público olhares diversos: para a música de Khachaturian, para o trabalho coreográfico de Grigorovitch e Derbenyov e para o talento dos artistas da companhia do Bolshoi. 


LIVRO
YVES RUDNER SCHMIDT
Sua vida, sua obra, sua terra

Organização de Roberto A. Szoldos
Editora Suindaras. 520 páginas. R$ 70,00. Desconto de 10% para assinantes.

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A história de um meio musical se faz de muitos personagens. Nossos olhares costumam voltar-se sempre às orquestras e teatros. É natural que assim seja, afinal são os pontos mais visíveis da atividade musical. Mas eles não existiriam sem uma cadeia muito mais ampla e complexa, marcada também pela educação musical. Nesse sentido, resgatar essas histórias é compreender o próprio desenvolvimento do meio musical. Nesse livro, organizado por Roberto A. Szoldos, propõe-se justamente elucidar a contribuição do compositor e maestro Yves Rudner Schmidt. Nascido em Taubaté, ele começou cedo na música, obtendo prêmios tanto no Brasil quanto na Europa, onde estudou na Alemanha e foi bolsista na Fundação Calouste-Gulbenkian, trabalhando com as relações entre folclore e música. De volta ao Brasil, foi professor, escreveu mais de quatrocentas obras (incluindo trilhas, peças para canto, música de câmara e orquestral, coral e balé). Toda essa trajetória é recriada no livro agora lançado, que traz dados biográficos do autor além de uma seleção de alguns dos seus principais textos.