Alondra de la Parra leva espetáculo ‘The Silence of Sound’ à Sala São Paulo

Nos dias 21, 22, 23 e 24, a maestra mexicana Alondra de la Parra comanda a Osesp em The Silence of Sound, do qual participam a atriz Gabriela Muños, o violinista Yorrick Troman e o violoncelista Rolando Fernandez. No espetáculo multimídia a música sinfônica encontra a arte do palhaço em uma jornada de autodescoberta

“Alondra de la Parra e Gabriela Muñoz partem da melancolia para refletir sobre a existência do indivíduo, colocando-o frente a frente com seus próprios medos e falhas. Nesse caminho, diversas facetas surgem, desde a capacidade pura para o amar até a propensão ao abuso de poder”, escreve Ana Cursino Guariglia sobre o espetáculo na edição de agosto da Revista CONCERTO (leia aqui; acesso exclusivo para assinantes)

“A palhaça Chula representa este indivíduo, não exatamente como Chula, mas encarnando uma Palhaça que desempenha esse papel no espetáculo. Ainda assim, a personalidade da palhaça Chula cabe muito bem no papel: melancólica, ela sempre lida com temáticas doloridas, como a percepção da passagem dos anos, o arrependimento e a solidão.”

Silence of Sound estreou no Festival PAAX, no México, em 2022, com a Orquestra Impossível, criada também por Alondra de la Parra. Desde então o espetáculo tem circulado com apresentações na Espanha e na Alemanha. 

“Esta performance nasceu do desejo de mostrar a música. A música sinfônica tem a capacidade de nos fazer imaginar e perceber inúmeras histórias nas quais o ouvinte participa com sua própria experiência e acaba se tornando também um narrador. O silêncio é representado pelo protagonista que habita o espaço imaginário da vida interior do diretor e atua em uma dimensão paralela. A dualidade é o aspecto central deste jogo. Luz e escuridão, som e silêncio, severidade e liberdade, dor e alegria”, diz a maestra. 

“O ecossistema é a orquestra, tanto na realidade quanto na fantasia. As seções da orquestra são um guia sonoro: a personagem inicia sua história atraída pelas madeiras, instrumentos de sopro que voam como pássaros. Essa relação a conduz, por meio de emoções extremas, a outro momento de sua vida: as cordas, que se apresentam como um imenso mar. A maior seção da orquestra. Outras paixões surgem e surgem personagens que manifestam sua personalidade por meio dos sons. O violoncelo, com doçura, a conduz a um amor romântico, sereno e confiável. Um lar acolhedor. O violino, por outro lado, a convoca para o perigo, para o desconhecido, para a energia instável e voraz do desejo e da grandeza. Desperta nela o poder ilimitado, levando à opressão e ao abuso que, por fim, evocam solidão e desespero. Somente ela, confrontando a si mesma, pode encontrar redenção.”

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