Festival de Música Erudita do Espírito Santo anuncia nova edição com estreia de ópera baseada em Bernard Shaw

por Redação CONCERTO 29/09/2025

O Festival de Música Erudita do Espírito Santo será realizado ente os dias 7 e 29 de novembro em Vitória, sob a direção de Tarcísio Santório e Natércia Lopes, direção artística de Livia Sabag e coordenação musical de Gabriel Rhein-Schirato. O tema da programação deste ano será Liberdade.

“O homem está condenado a ser livre, disse Jean-Paul Sartre. O paradoxo da frase do filósofo provoca-nos a olhar para a questão da liberdade, crucial em todos os aspectos da vida humana, sem a displicência do senso comum. Quais são as relações entre livre-arbítrio e responsabilidade? É possível exercer a liberdade individual sem restringir a liberdade dos outros? Qual o papel da arte na percepção e no aprofundamento dessas reflexões?”, explica Livia Sabag.

A abertura da programação será com uma nova estreia do Núcleo de Criação de Ópera, A profissão da senhora Warren, inspirada na peça de Bernard Shaw, com música de Mauricio De Bonis e libreto assinado por Sabag, Eliane Coelho, o próprio De Bonis e Gabriel Rhein-Schirato. 

O espetáculo terá a regência de Schirato à frente da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo, e elenco formado pelas sopranos Eliane Coelho, Carla Cottini, o barítono Idaías Souto, e os tenores Mauro Wrona, Paulo Mandarino e Rafael Stein.

“A ópera gira em torno de conflitos entre a Sra. Warren e sua filha Vivie, e aborda  problemáticas bastante atuais como a relação entre ideologia e conflitos de classe, questões de gênero no mundo dos negócios e nas relações familiares, e relações entre livre-arbítrio e liberdade no mundo contemporâneo” explica Sabag.

Nas semanas seguintes, serão realizados cinco concertos de câmara, com curadoria da professora e pesquisadora Yara Caznok, que explora questões acerca da liberdade dentro do próprio processo de composição musical e do universo da  criação artística.

“Ao eleger a liberdade como tema, o festival assume que a arte é uma das esferas privilegiadas para a emergência e a tomada de consciência das inúmeras camadas que compõem a experiência humana da liberdade, seja como utopia ou como prática. Ancorada na crença de que as reverberações provocadas pelos eventos podem intensificar essas reflexões, os concertos de câmara propõem o desnudamento do embate entre energias libertárias e forças restritivas que, apesar de soarem como opostas, são complementares, pois constituem-se reciprocamente e são um dos mais dinâmicos propulsores da criação artística”, afirma Yara Caznok.

No dia 14 de novembro, um trio composto pelo pianista Willian Lizardo, a violinista Jacqueline Lima e o violoncelista Christian Munawek interpreta obras de Lili Boulanger, Haydn e Jorge Grossman. Willian Lizardo participa também como uma espécie de cicerone da série, ao abrir os cinco concertos com peças para piano solo. No dia 15, outro trio formado por músicos do Espírito Santo – a oboísta Nathália Maria, o clarinetista Danilo Oliveira e o fagotista Deyvisson Vasconcelos – interpreta Kaija Saariaho, Jacques Ibert e  Aylton Escobar.

No dia 21, o duo de voz e piano composto pela mezzo-soprano Denise de Freitas e o pianista Fabio Bezuti apresenta Villa-Lobos, Caccini, Mel Bonis, Florence Price, Berlioz, Schumann, Kurt Weill e Guerra-Peixe. No dia 22, o flautista Danilo Klem e o violonista Belquior Guerrero tocam Ricardo Tacuchian, Leo Brouwer, Gabriela Ortiz, Jocy de Oliveira, Anton Diabelli e Villa Lobos. Fechando a série de concertos de câmara,  a pianista Lidia Bazarian toca Clara Schumann, Franz Liszt, Marisa Rezende, Beethoven e Bach, além de uma composição própria. 

“O repertório selecionado para os cinco concertos propõe diferentes maneiras de revisitar a ontológica busca de um sempre provisório equilíbrio entre liberdade e limite. A necessidade de inteligibilidade de uma obra, a maleabilidade da escuta criativa – tanto do intérprete quanto do público, a autonomia do performer em relação ao texto musical e às suas determinantes históricas, o diálogo e as relações de continuidade e descontinuidade entre poéticas composicionais de diferentes períodos são alguns dos pavimentos sobre os quais os caminhos dos cinco concertos se constroem, entrelaçando-se e convidando-nos a percorrê-los de forma multidirecional”, completa Caznok.

No encerramento do festival, no dia 29, a OSES e os vencedores do 4º Concurso de Canto Natércia Lopes, interpretarão obras de Mozart, Rossini, Verdi, Amy Beach e Leonard Bernstein, sob a regência do maestro Helder Trefzger.

A série Ópera nos Bairros apresentará Filhote de Trem, um espetáculo cênico-musical inspirado na obra homônima da escritora paulista Memélia de Carvalho, com música de Heitor Villa-Lobos, Carlos Gomes e Chiquinha Gonzaga. A direção musical é do violonista e maestro Belquior Guerrero e a direção cênica, de Tamara Lopes. O Concertos Itinerantes apresentará, em diferentes cidades do estado, um programa para voz, piano e clarinete de compositores e compositoras do século XX, entre eles os brasileiros Heitor Villa-Lobos, Gilberto Mendes e a sueca Kaija Saariaho.

Os homenageados desta edição são o compositor Aylton Escobar e a pianista, regente, compositora e escritora Lycia de Biase Bidart.

Cena da ópera 'Clitemnestra', apresentada na edição do ano passado do festival [Divulgação]
Cena da ópera 'Clitemnestra', apresentada na edição do ano passado do festival [Divulgação]

 

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