Os aniversários do mundo musical em 2024 – e como as orquestras e teatros vão celebrá-los

por Redação CONCERTO 02/02/2024

Compositores e obras importantes serão celebradas em 2024, representantes de diferentes épocas e estilos. Algumas temporadas ainda não foram anunciadas, mas já dá para ter uma ideia a respeito de como as datas serão (ou não) celebradas.

Luigi Nono – 100 anos
O centenário do compositor italiano foi celebrado no dia 29 de janeiro. O autor é símbolo da vanguarda do século XX, em meio à qual desenvolveu uma linguagem particular. Entendia a música como uma forma de participação política e de intervenção social – definiu-se, certa vez, como um “intelectual orgânico pertencente à classe trabalhadora”. Na temporada 2024 no Brasil, ainda está à espera de alguma celebração.

Rhapsody in Blue, de Gershwin – 100 anos
A obra foi estreada no dia 12 de fevereiro de 1924 em um concerto marcante na história da música americana: An Experiment in Modern Music, organizado por Paul Whiteman. Mais célebre criação de Gershwin, a peça foi escrita para piano e orquestra e trabalha elementos do jazz em uma linguagem sinfônica.

– O Mozarteum Brasileiro ainda não anunciou o programa do concerto que a National Youth Orchestra of the United States of America faz em agosto, com Marin Alsop e Jean-Yves Thibaudet. Mas, na apresentação que o grupo realiza em Nova York antes de partir para a turnê, o programa inclui a ‘Rhapsody in Blue’

Bedrich Smetana – 100 anos
O centenário do compositor é celebrado em 2 de março. Considerado o pai da música checa, Smetana utilizou o folclore como uma das referências para a criação de sua obras. Entre elas, tem destaque o ciclo Ma Vlast, composto de seis poemas sinfônicos que retratam cenas da região da Boêmia.

– A Filarmônica de Minas Gerais interpreta, em março, ‘O Moldávia’ (Fabio Mechetti) e, em agosto, a abertura da ópera ‘A noiva vendida’ (José Soares)

Nikolai Rimsky-Korsakov – 180 anos
Mestre da orquestração, Rimsky-Korsakov (nascido em 6 de março de 1844) foi nome de destaque da cena musical russa na segunda metade do século XIX, começo do século XX. Integrou o chamado Grupo dos Cinco, com obras que exploravam o folclore russo como ponto de partida. 

– A Filarmônica de Minas Gerais toca, em maio, ‘Sheherazade’ (Fabio Mechetti); e, em outubro, as suítes ‘Mlada’ e ‘O galo de ouro’ (Mariana Menezes)

Antonin Dvorák – 120 anos de morte 
Outro autor de caráter nacionalista, marcante na cena musical europeia do século XIX, Dvorák entrou para o repertório como grande sinfonista – daí a fama de sua Sinfonia nº 9 Do Novo Mundo, escrita nos EUA e imbuída de recordações de sua terra natal. Mas escreveu também música de câmara, canções e óperas – Rusalka é a mais conhecida entre elas.

– A Osesp toca, em setembro, a ‘Sinfonia nº 7’ (Paolo Bortolameolli)
– A ‘Canção da Lua’, da ópera 'Rusalka', está no programa da gala lírica promovida em novembro pela Filarmônica de Minas Gerais (Fabio Mechetti; Gabriella Pace)
– O Quarteto da Cidade de São Paulo apresenta, em outubro, recital com o ‘Quarteto Americano’ e o ‘Quinteto Op. 81’ (com a pianista Erika Ribeiro)
– Helder Trefzger rege em fevereiro a ‘Sinfonia nº 9 – Do Novo Mundo’ com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo

Sinfonia nº 9, de Beethoven – 200 anos
No dia 7 de maio de 1824, o mundo ouviu pela primeira vez uma obra que mudaria os rumos da escrita sinfônica. No último movimento da Nona, Beethoven incluiu o famoso coro e a presença de quatro solistas vocais. Mas a peça ficou conhecida em especial pela mensagem de fraternidade e esperança, tão caras ao compositor, e até hoje indissociáveis na recepção da peça. Por enquanto, a Nona ainda não marcou presença na temporada. Mas ainda há tempo...

Richard Strauss – 160 anos
Nas primeiras décadas do século XX, Richard Strauss, nascido no dia 11 de junho de 1864, foi voz única e particular. Em óperas como Elektra e Salomé flertou com a vanguarda, para depois, obra a obra para o palco, utilizar linguagem distintas, viajando entre passado e presente de acordo com a história narrada. Seus poemas sinfônicos, por sua vez, levaram o formato a um novo patamar de expressividade e riqueza orquestral.

– A Osesp interpreta, em maio e em agosto, a ‘Sinfonia Alpina’ (Thierry Fischer); e, em junho, ‘Assim falou Zaratustra’ (Xian Zhang)
– A Filarmônica de Minas Gerais toca, em março, trechos da ópera ‘Gutram’ (José Soares); em abril, o ‘Dueto-concertino’ (Fabio Mechetti); em junho, a ‘Burlesca’ (Arnaldo Cohen) e ‘A vida de herói’ (Mechetti); em setembro, o ‘Concerto para violino’ (Geneva Lewis e José Soares); e encerra a temporada 2024, em dezembro, com ‘Morte e transfiguração’, as ‘Quatro Últimas Canções’ (Camila Provenzale) e a ‘Suíte O Cavaleiro da rosa’; regência de Fabio Mechetti.
– As ‘Quatro Últimas Canções’ e ‘Uma Vida de Herói’, integram programa de novembro da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (Roberto Minczuk)

Ferrucio Busoni – 100 anos de morte
O centenário de morte do compositor (27 de julho), pode ser uma oportunidade para que se dê mais espaço para o autor. Pianista, ficou conhecido pelas transcrições de obras de Bach. Mas sua contribuição vai além, e a ópera é um campo a ser observado com atenção: Doktor Faust e Turandot estão entre as principais criações do gênero nas primeiras décadas do século XX. 

– A Filarmônica de Minas Gerais toca, em maio, a ‘Abertura de Comédia op. 38’ (Fabio Mechetti)
– A temporada 2024 do Theatro São Pedro de São Paulo ainda não foi anunciada, mas fala-se em uma produção da ópera ‘Turandot’
– Transcrições de obras de Bach feitas por Busoni integram o repertório do recital de Hélène Grimaud pela Cultura Artística, em novembro

Anton Bruckner – 200 anos 
O compositor austríaco (4 de setembro) é uma referência na linguagem sinfônica das últimas décadas do século XIX. E não sem razão. A suas sinfonias costuma se acoplar a alcunha de “catedrais sonoras”. Sua linguagem musical estabelece uma ponte de contato entre a exuberância wagneriana com elementos da música da chamada Primeira Escola de Viena, formada por Haydn, Mozart e Beethoven. 

– O Coro da Osesp apresenta, em setembro, a ‘Missa nº 2’ (Celso Antunes); e a Osesp toca, em dezembro, a ‘Sinfonia nº 4’ (Thierry Fischer)
– Em abril, a Filarmônica de Minas Gerais toca a ‘Sinfonia nº 7’ (Fabio Mechetti)
– A Petrobras Sinfônica apresenta em março a ‘Sinfonia nº 8’ (Isaac Karabtchevsky)

Arnold Schoenberg – 150 anos
Schoenberg (13 de setembro) entrou para a história da música como o criador do dodecafonismo, um dos caminhos propostos pela vanguarda do início do século XX em um processo de redefinição da linguagem musical. Escreveu peças orquestrais e óperas influentes, assim como música de câmara. 

– Em abril, a Osesp toca ‘Pelléas e Mélisande’ (Christoph Koncz)
– ‘Noite Transfigurada’ é destaque de programa de novembro da Filarmônica de Minas Gerais

Gabriel Fauré – 100 anos
Na passagem do século XIX para o século XX, a música francesa vivenciou enorme riqueza – e Fauré (4 de novembro) foi um dos responsáveis por propor uma escrita musical em que o moderno tratamento da harmonia tinha papel predominante. Suas obras sinfônicas têm tanta importância quanto sua música de câmara e, em especial, suas canções. 

– ‘Os Gênios’ está em programa de novembro do Coro da Osesp (PIerre-Fabien Roubaty)
– Em setembro, a Filarmônica de Minas Gerais interpreta duas obras do autor: o ‘Réquiem’ (Fabio Mechetti) e a suíte ‘Pelléas e Mélisande’ (José Soares)
– O Quarteto da Cidade de São Paulo toca em novembro o ‘Quinteto op. 115’ com a pianista Martina Graf
– Em fevereiro, Neil Thomson rege a ‘Pavane op. 50’ com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo

Giacomo Puccini – 100 anos de morte
Na história da ópera, o nome de Puccini é referência incontornável. Principal representante da geração pós-Verdi na Itália, soube aliar elementos do verismo ao melodrama, em óperas nas quais a urgência e a intensidade das emoções se impunham como protagonistas.

– O Theatro Municipal de São Paulo abre sua temporada lírica, em março, com montagem de ‘Madame Butterfly’ (Livia Sabag/Roberto Minczul); e, em novembro, apresenta ‘La bohème’ em versão de concerto (Minczuk)
– Em Belo Horizonte, a Filarmônica de Minas Gerais toca o ‘Prelúdio sinfônico’ (março), o ‘Capricho sinfônico’ (maio) e apresenta em versão de concerto ‘Madame Butterfly’ (Fabio Mechetti)

Marisa Rezende – 80 anos
A busca de uma identidade própria tem sido o fio condutor da carreira de Marisa Rezende. Ela nasceu no Rio de Janeiro, viveu no Recife e nos Estados Unidos. Foi professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e criou grupos como o Música Nova, dedicado à divulgação da criação contemporânea.

– A Filarmônica de Minas Gerais apresenta, em dezembro, ‘Fragmentos’ (Fabio Mechetti)
– ‘Fragmentos’ também será tocada em abril pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (Natalia Salinas)

Schoenberg, Bruckner, Puccini, Marisa Rezende, Fauré e Strauss
Schoenberg, Bruckner, Puccini, Marisa Rezende, Fauré e Strauss

 

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