Em carta aberta, músicos pedem que Filarmônica de Goiás não seja extinta

por Redação CONCERTO 14/12/2020

Músicos da Orquestra Filarmônica de Goiás lançaram no final de semana uma carta aberta pedindo que o grupo, um dos mais importantes do país, não seja extinto.

Os artistas tiveram seus contratos extintos em setembro. Na época, o governo do Estado de Goiás negou o fim da orquestra e afirmou que a decisão fazia parte de um processo de reestruturação: a contratação dos artistas era feita por meio de contratos temporários, o que não seria permitido por lei segundo o Tribunal de Contas do Estado. 

O próprio governador Ronaldo Caiado foi ao Twitter chamar de “fake news” a informação sobre o fim da orquestra. E afirmou que em dezembro os músicos seriam chamados para realizar duas gravações, o que seria símbolo do compromisso do poder público com o trabalho da orquestra. Também foi anunciada para dezembro a abertura de um edital para contratação de uma entidade gestora, o que regularizaria a situação contratual dos artistas e permitiria à orquestra seguir funcionando.

Nada disso, no entanto, aconteceu. Em comunicado enviado na semana passada aos músicos, a Goiás Turismo informou que “há a pretensão em promover a gravação de álbum da OFG”, mas que a Procuradoria Setorial da Goiás Turismo considerou “inconstitucional” a contratação dos artistas para este fim.

“Nada se cumpriu até o momento, desde a exoneração dos músicos. A OFG deixou de existir e se vê cada vez mais distante do seu retorno. A agonia de 50 músicos e suas famílias, em plena pandemia, acaba com o trabalho e a justificativa de 7 anos dedicados à execução de concertos de altíssimo nível, todos gratuitos, além da conquista da inserção de Goiás como um estado de referência na música de concerto brasileira, com uma orquestra de nível internacional. É inegável também o papel de importância social da orquestra, consolidado através de temporadas que promoveram, além de concertos com solistas e convidados de renome mundial, atividades didáticas e educativas. O descaso com a Filarmônica de Goiás é o descaso com a cultura, com a população e a interferência no processo de democratização da arte já tão fragilizada no país”, diz a carta preparada pelos músicos.

Diretor artístico da orquestra, o maestro britânico Neil Thomson também se pronunciou em texto publicado no Site CONCERTO: “A Orquestra Filarmônica de Goiás não pode, não deve parar. Somos uma parte vital da vida cultural goiana e brasileira. Os músicos têm se comportado com grande dignidade durante toda essa situação terrível, mas agora é hora de apoiá-los. A Orquestra do Coração do Brasil deve ter seu próprio coração restaurado: seus amados músicos.”

A Goiás Turismo e o Governo do Estado de Goiás não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. Aos músicos, foi informado apenas que “está em trâmite o processo de contratação de uma OS que fará a gestão do ITEGO em Artes Basileu França a quem a OFG estará vinculada”.

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