Retrospectiva 2020: Carlos Prazeres

por Redação CONCERTO 28/12/2020

Carlos Prazeres, regente titular da Orquestra Sinfônica da Bahia

“2020, sem dúvidas, um ano muito difícil para nós, artistas e gestores de orquestra. Aqui na Bahia começamos o ano com um verão arrebatador. Celebramos, em pleno Pelourinho lotado, os 250 anos de Beethoven, tocando sua quinta sinfonia para uma multidão em silêncio. Caetano Veloso, abençoando o momento, fechou o dia cantando com a orquestra e seu encontro com a Osba foi das coisas mais lindas que vivemos. Ali, sem saber, já estávamos guardando forças e energia para vivermos dias difíceis e diferentes de tudo o que já havíamos vivido. Em meados de março, encerramos nossas atividades presenciais e o mundo se enclausurava, assustado.

Aqui na Osba estamos acostumados com um público intenso e apaixonado, com cinco mil pessoas se aglomerando numa concha acústica, muitas vezes debaixo de chuva, para escutar os clássicos. Perder esta energia vital e presencial foi muito dolorido, mas não podíamos deixar de exercer nossa energia criativa. Justamente por já possuir de antemão esta tendência à inovação e por ser uma orquestra de vanguarda, a tarefa de se recriar não foi das mais difíceis para a Osba. Mais do que criar conteúdo audiovisual, nos empenhamos em produzir experiências sensoriais que nos aproximassem da realidade. 

Assim foi o nosso “São João Sinfônico” (disponível no Youtube), momento de enorme valor sentimental na Bahia, e assim também serão os documentários “Um abraço no tempo”, em parceria com o Teatro Castro Alves e seu corpo de baile, e “Solario”, em parceria com o diretor Gil Vicente Tavares (música e poesia da Bahia e do mundo – século XVII aos dias de hoje), que em breve também estarão disponíveis no Youtube. Neles, a Osba aproveita para dialogar com outras manifestações artísticas, como a dança, o teatro e a poesia. Em paralelo, resolvemos nos concentrar em nossa história e gravar a obra de Damião Barbosa de Araújo (1778-1856) e Domingos da Rocha Viana (1807-1856), conhecido como Domingos Moçurunga, baianos que fizeram parte da história da música de concerto na Bahia. 

Termino este texto agradecendo ao governo do estado da Bahia e a todos os estados e prefeituras que protegeram suas orquestras e não deixaram que a pandemia as afetasse. Tudo isso vai passar e voltaremos a celebrar, junto ao nosso público, a grande festa que é a música orquestral. Por enquanto, convido-os a visitar a Osba no Youtube e a desfrutar das nossas criações virtuais. Até já e #vivaOSBA”

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[Divulgação / Gabrielle Guido]
[Divulgação / Gabrielle Guido]

 

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