Instalação 'Deposição' levará música à Bienal de São Paulo

por Redação CONCERTO 05/09/2021

Inaugurada no último final de semana, a 34ª Bienal Internacional de São Paulo terá apresentações musicais com parte da instalação Deposição, dos artistas Marissa Lee Benedict, Daniel de Paula e David Rueter. Elas serão dedicadas à música contemporânea, experimental e eletrônica e são fruto de parceria da Fundação Bienal com a Cultura Artística e o Festival Novas Frequências.

A próxima apresentação, no dia 9, será feita pela Orquestra Errante, grupo experimental do Departamento de Música da Escola de Comunicação e Artes da USP, que se dedica à pesquisa sobre processos de criação a partir da improvisação e da criação colaborativa. 

A edição deste ano da Bienal parte de um verso do poeta Thiago de Mello, “Faz escuro mas eu canto”, de 1965, como mote curatorial. “Por meio desse verso, reconhecemos a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual, enquanto reivindicamos a necessidade da arte como um campo de resistência, ruptura e transformação. Desde que encontramos esse verso, o breu que nos cerca foi se adensando: dos incêndios na Amazônia que escureceram o dia aos lutos e reclusões gerados pela pandemia, além das crises políticas, sociais, ambientais e econômicas que estavam em curso e ora se aprofundam. Ao longo desses meses de trabalho, rodeados por colapsos de toda ordem, nos perguntamos uma e outra vez quais formas de arte e de presença no mundo são agora possíveis e necessárias. Em tempos escuros, quais são os cantos que não podemos seguir sem ouvir, e sem cantar?”, dizem os curadores.

A obra Deposição traz à Bienal uma roda de negociações, estrutura utilizada ao longo de décadas por pessoas envolvidas na compra e venda de milho na Chicago Board of Trade, nos Estados Unidos. Segundo os artistas, a roda “servirá como uma plataforma para encontros públicos de várias naturezas, concebidos para discutir e enfatizar a atmosfera de reunião e confronto que a própria estrutura instaura”.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, os artistas pediram à Bienal que os encontros públicos “deverão estimular o conflito ou a oposição de ideias, nunca a harmonia, numa alusão à natureza de confronto da própria estrutura”. 

As negociações de milho influenciavam o valor dessa commodity no Brasil, e por isso os artistas pretendem, com a obra, mostra a força do sistema financeira global. “É notório que estamos num momento político no Brasil em que há uma expansão agrícola estimulada pela especulação financeira. Isso promove diversas formas de violência, desde o desmatamento até a grilagem de terra, violência contra comunidades locais. E todas essas são, digamos, resultantes das dinâmicas desse mercado financeiro que aconteciam nessa estrutura”, afirmou ao jornal o artista Daniel de Paula.

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Instalação 'Deposição', na Bienal Internacional de São Paulo [Divulgação/Levi Fanan/Fundação Bienal]
Instalação 'Deposição', na Bienal Internacional de São Paulo [Divulgação/Levi Fanan/Fundação Bienal]

 

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