Festival de Barra Mansa consolida projeto de formação e faz concerto no Rio

por Luciana Medeiros 24/07/2019

A camerata que sobre ao palco da Sala Cecília Meireles nesta quinta, dia 25, vai acompanhar nomes internacionais da música clássica, solistas e integrantes de grandes orquestras, como o israelense Shmuel Ashkenasi, violinista do Vermeer String Quartet, e Mark Kosower, primeiro violoncelista da Orquestra de Cleveland.

O grupo de 20 instrumentistas é formado por alunos do projeto Música nas Escolas, de Barra Mansa, e o concerto integra o programa do 3º Festival Internacional de Música da cidade, que começou no dia 14 de julho e termina no sábado, dia 27, sob a direção do violinista e regente Daniel Guedes. O programa da noite tem peças de Prokofiev, Tchaikovsky e Mozart. O concerto de quinta é o único que acontece fora de Barra Mansa.

Nesses dezesseis anos de funcionamento do projeto, criado por Vantoil de Souza em 2003 na gestão do prefeito Roosevelt Brasil, “os índices de criminalidade na cidade caíram drasticamente”, garante Daniel Guedes, regente associado do projeto e diretor musical do evento.

Vantoil, músico, era funcionário da Prefeitura e foi quem estruturou a ideia de consolidar a rede de ensino de música nas escolas, criando também um centro de aperfeiçoamento para os alunos que mostrassem talento e desejo por uma carreira profissional. Os 600 alunos iniciais hoje são 22 mil em 72 escolas públicas: a totalidade dos estudantes do Ensino Fundamental do município.

O maestro Daniel Guedes [Divulgação]
O maestro Daniel Guedes [Divulgação]

Há dois anos, Vantoil assumiu a Secretaria municipal de Educação, prosseguindo na consolidação da proposta que mantém bandas e orquestras, convênios com a Escola de Música da UFRJ e a Universidade de Barra Mansa para prosseguimento dos estudos de alunos selecionados e promove eventos de música, mantido pela prefeitura com apoio de empresas privadas – um volume de investimento da Prefeitura da ordem de R$ 5,5 milhões ao ano, segundo Vantoil. “Também temos  patrocínio de empresas privadas, a Saint-Gobain e a CCR Nova Dutra, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com captação média de R$ 900 mil por ano”, detalha. O projeto tem forma jurídica de uma “associação civil privada sem fins lucrativos”.

Barra Mansa se tornou um caso de referência no panorama de projetos sócio-musicais do país, especialmente porque já atravessou sucessivas administrações municipais sem grande perda de tônus. Hoje, o prefeito é Rodrigo Drable, que confirmou Vantoil na Secretaria e declarou, na abertura desse 3º Festival, que via a música como “vetor de desenvolvimento da cidade”. 

“Educação musical enquanto eixo de política pública é raro no Brasil, extremamente louvável”, assinala Paula Brandão, diretora de criação e planejamento da Baluarte, que realizou em 2017 um extenso levantamento dessas iniciativas, o Brasil de Tuhu, localizando mais de 2 mil projetos e analisando em detalhes cerca de 15% desses. “A grande maioria dos projetos mapeados são iniciativas da sociedade civil, e muitos viabilizados por esforços pessoais”, destaca ela, que finaliza a atualização da pesquisa, a ser divulgada no fim de 2019. 

O festival em curso, portanto, é um evento concentrado no aperfeiçoamento, no reforço na visibilidade e também, frisa Guedes, na oportunidade de aumentar ainda mais a identificação do público da cidade com a iniciativa. “Esse ano, fizemos eventos nas ruas pela primeira vez, apostando também nos palcos, digamos, mais espontâneos, que envolvem os estabelecimentos, promovem uma integração”, avalia o regente. “Queremos, num futuro próximo, construir a nossa sala de concertos; o projeto já está pronto e a cidade merece.”

Em agosto, a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa volta ao Rio, dessa vez para acompanhar Pinchas Zukerman no Theatro Municipal, em evento da Dell’Arte. “Teremos, portanto, a experiência de tocar com outro mito do violino, além do Ashkenazi. Um privilégio”, celebra Daniel Guedes. 

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