Theatro São Pedro estreia ‘Oposicantos’, nova ópera de Flo Menezes

por Redação CONCERTO 01/07/2025

O Theatro São Pedro recebe nos dias 3, 4, 5 e 6 a estreia mundial da nova ópera do compositor Flo Menezes, Oposicantos. Nesta terça, dia 1º, haverá ensaio  geral aberto ao público.

Encomendada pelo teatro, a peça terá direção cênica de Alexandre Dal Farra e direção musical de Eduardo Leandro, e contará com a participação do Coro Contemporâneo de Campinas, sob regência de Maíra Ferreira. No elenco, estão a soprano Katia Guedes, a mezzo soprano Luisa Francesconi, o tenor Aníbal Mancini, o barítono Isaque Oliveira e o baixo Gustavo Lassen. 

“Estou escrevendo um espetáculo de teatro musical multimídia, que foge inclusive de muitos aspectos tradicionalistas da ópera. Por exemplo: assim como em Ritos de perpassagem (sua primeira ópera), em Oposicantos não existe uma narratividade linear em que você conta uma historinha presa a um personagem”, explicou Menezes sobre a obra em entrevista a Irineu Franco Perpetuo em entrevista publicada na edição de junho da Revista CONCERTO [leia aqui; acesso exclusivo para assinantes].

“Em Ritos de perpassagem (ópera anterior do compositor) existiam várias figuras que sequer eram personagens, e às vezes existia simultaneidade dessas figuras em várias vozes. Às vezes havia aquilo que seria a personagem local de um trecho cantada em três vozes diferentes. No meu ‘libreto’ não vai estar escrito: tenor – Joaquim Nabuco, soprano – Maria Antonieta. Os cantores encarnam textos, não personagens. Só que em Oposicantos, ao contrário de Ritos de perpassagem, eu evoco uma figura central que não é um personagem, porque ele não conta uma história, não está inserido em um drama. Ele é uma encarnação textual filosófica de um ideário. É o Crisipo.”

E por que Crisipo? “Assim como Ritos de perpassagem enfocava o pitagorismo, Oposicantos enfoca o estoicismo. O estoicismo foi se carregando na história de forma semelhante ao pitagorismo. Esses ensinamentos eram feitos em um pórtico grego, que era o equivalente aos cafés vienenses ou parisienses do fim do século XIX. Esse pórtico em grego é stoa, e é daí que vem “estoicos”. Retomei Crisipo porque ele é o pai da linguística. Se você pegar o que é chamado de tinologia estoica, Crisipo fala o seguinte: que na palavra existe o significante – ele que introduz o termo, trezentos anos antes de Cristo – e o significado. Só que ele faz isso de forma mais complexa que Saussure. Porque o Curso de linguística geral de Saussure vai falar de significante e significado. Crisipo falava em significante (que era o som), significado (ao que a palavra remetia) e coisa significada, que ele introduz no âmago da linguagem. Crisipo estabelece uma trilogia, a tinologia estoica. E aí tem uma coisa muito louca. Ele fala que existe uma oposição entre o corpóreo e o incorpóreo. O que seria o corpóreo? O significante, que é o som. Ele chama o som de corpo, compara o corpo do som ao fato de o som bater no muro: bola batida contra o muro, o som batendo e reverberando. Ele diz que o som é um corpo e a coisa significada é um corpo. E o que é incorpóreo? O significado. Ele é a incorporeidade que se aloja na linguagem.”

Veja mais detalhes no Roteiro do Site CONCERTO


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Ópera 'Oposicantos', de Flo Menezes [Divulgação/Iris Zanetti]
Ópera 'Oposicantos', de Flo Menezes [Divulgação/Iris Zanetti]

 

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